O presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira, anunciou o encerramento do Centro de Acolhimento de Emergência Social (CAES), instalado na antiga Casa do Estudante. A razão é simples e, ao mesmo tempo, escandalosa: “subfinanciamento”. O valor que a Segurança Social paga à Cáritas para manter esta resposta de âmbito nacional em funcionamento é irrisório e não cobre sequer as necessidades mínimas.
Mas não se fica por aqui. Falamos de uma estrutura que acolhe pessoas em situações de grande fragilidade, mas onde não tem existito sequer um critério definido para a admissão de utentes. O resultado? Uma autêntica desorganização. E o mais grave é que essa desorganização lida com vidas humanas.
Convém lembrar que, a 28 de agosto, a Rádio Pax noticiou em exclusivo, não apenas o fecho do CAES mas também os problemas internos do seu funcionamento. Foi então que se começou a falar em reuniões e soluções. De facto, no passado dia 2 de setembro juntaram-se à mesa o Instituto da Segurança Social, a Cáritas Diocesana de Beja, o Centro Distrital de Beja da Segurança Social e a Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão.
O resultado? Mais propostas sem substância. Nenhuma das soluções apresentadas correspondeu às necessidades reais para garantir a continuidade digna do CAES.
E aqui está a pergunta que não quer calar: como é possível tratar assim a Cáritas? Uma instituição com décadas de trabalho no terreno, com provas dadas e reconhecimento público, é afastada como se fosse descartável. Tudo isto às mãos de um governo que tem a palavra “Social” na sua sigla. Social para quem, afinal?
Resta saber se este afastamento da Cáritas é apenas resultado de incompetência e insensibilidade dos responsáveis governamentais ou se esconde algo mais. Será que o culminar desta situação foi premeditada? Estará já preparada a entrada de outra instituição para assumir o CAES? Não quero acreditar nestes cenários. Mas a dúvida instala-se.
O tempo dirá se tudo isto foi apenas negligência ou se houve estratégia por trás. Até lá, só nos resta manter-nos atentos.