A Associação ZERO defende que “deve ser feita uma avaliação ambiental estratégica das infraestruturas aeroportuárias em Lisboa”. Essa avaliação deve incluir alternativas, como o aeroporto de Beja, que tem capacidade para ser utilizado para “tráfego de passageiros ou de mercadorias”.
Segundo Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista, “devem ser equacionadas todas as infraestruturas aeroportuárias que possam ter qualquer ligação a Lisboa”.
Em cima da mesa, para além de Beja, estão hipóteses como Tires, Cascais ou Monte Real. Essa avaliação, sublinha, deve “pensar de forma integrada e completa as diferentes valências e oportunidades que existem em termos de infraestruturas” que podem “complementar Lisboa”.
No caso do aeroporto de Beja “é preciso fazer uma reflexão sobre quais as valências que no futuro podem vir” a servir como completo a Lisboa.
“No quadro dessa avaliação ambiental estratégica, Beja é equacionada para fazer parte da solução, mas é preciso saber de que forma. A ideia não é substituir Beja por Lisboa”, mas sim perceber “qual o tráfego e o segmento que é possível ter associado” à capital do país, acrescenta.
“É essa perspetiva integrada que pode passar por Beja, mas também por outras soluções”, que a ZERO quer que seja discutida na avaliação.
“O coração provavelmente será em Lisboa, mas há uma oportunidade para utilizar infraestruturas já existentes, que devem ser tidas em conta e rentabilizadas.
Até os aeroportos mais distantes podem vir a estar relacionados com” as principais infraestruturas aeroportuárias de Lisboa, explica Francisco Ferreira, que também critica o Governo por “não quer fazer essa avaliação e continuar a insistir na solução Lisboa mais Montijo”.
Recorde-se que esta associação ambientalista moveu uma ação judicial contra o Estado para impugnar a declaração de impacte ambiental emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente e que viabiliza o aeroporto do Montijo, defendendo que essa decisão “viola o direito ao ambiente, qualidade de vida e à saúde” das populações, numa ofensa “aos princípios de precaução, prevenção e razoabilidade”.
De acordo com a ZERO, o Estudo de Impacto Ambiental “não apresenta quaisquer alternativas credíveis de localização, e muito menos efetua um estudo comparativo sério sobre as mesmas”.
Em julho passado, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse ser a favor de uma aposta no aeroporto de Beja, com uma ligação ferroviária a Lisboa.
Uma solução que, segundo referiu, “vai favorecer a coesão territorial e potenciar os investimentos já feitos”.