AGORA, QUEM SE DESCULPARÁ?
A Eleição de um deputado da AD e de uma deputada do CHEGA no Baixo Alentejo representa uma enorme expectativa de mudança dos eleitores Baixo Alentejanos.
Esta mudança no quadro político, que deixa de fora um deputado do PS e retira ao PCP o seu único deputado, é feita com um sentido profundo de contestação e que se alimentou de um sentimento de indignação dos eleitores quanto ao abandono da região, que estes cidadãos consideram existir.
Ora bem, a confiança dos eleitores nestas escolhas são absolutamente legítimas e normais. Também são compreensíveis.
Mas o que representa esta mudança?
Existe uma leitura óbvia e imediata de penalização do PS e do PCP! Sobre isso não há qualquer dúvida!
Mas há, sobretudo, de forma clara e mais exigente uma mensagem inequívoca dos eleitores aos dois deputados agora eleitos: não há margem para falharem! Não há margem para mais populismo!
É irónico que um resultado eleitoral consolidado pela insatisfação e pela contestação, esvazie com a eleição dos deputados do CHEGA e da AD a própria contestação!
Passo a explicar: obtendo a confiança dos eleitores os deputados não podem continuar a explorar a contestação, nem a ligeireza das palavras com que na campanha eleitoral assumiram compromissos e defenderam a resolução imediata dos projectos estruturantes da região!
Podem tê-lo feito na expectativa de não serem eleitos ou de empurrar com a barriga para uma gestão posterior de expectativas populares!
Mas não o podem fazer porque o governo do PS deixa prontos projectos, cabimentação financeira e em muitos casos obras em curso!
Seja como for, foram eleitos pela contestação, como se houvesse neles a réstia de esperança dos Baixo Alentejanos e é essa responsabilidade que agora lhes é exigida! Sem espaço para mais populismo!
Ambos são reféns da contestação e da indignação dos seus eleitores, ambos construíram um caminho apertado que só já tem uma meta: não desiludir! Sem recurso ao populismo!
E ainda no campo da ironia, não deixa de ser curiosa a posição do PS na região. Libertou-se da pressão e bastará que mantenha o seu rumo no discurso de defesa dos projectos, com assertividade e acompanhando as inaugurações de estradas, ferrovias, centros de saúde, escolas e tanto mais que deixa em obra!
Fechado o ciclo da contestação, pergunto, para memória futura: e agora, quem se desculpará? Quem toma conta do descontentamento?!