António Sebastião: Autonomia regional

Na última crónica que fiz referi que Rui Rio tinha todas as condições para ser candidato a primeiro ministro de Portugal nas próximas eleições legislativas.

Essa referência foi feita num contexto onde o chumbo do Orçamento de Estado ainda não tinha acontecido e, portanto, longe de estarmos perante estas eleições antecipadas para 30 de janeiro e de todo este turbilhão de acontecimentos que, entretanto, tiveram lugar.

Eleições diretas no PSD, o aparecimento da candidatura do Paulo Rangel, a aparente hesitação de Rui Rio, as peripécias no conselho nacional sobre apoios e datas para as diretas e depois toda a campanha interna onde o Presidente do Partido adotou uma posição de não confronto direto com o seu adversário, privilegiando uma postura de preparação e clarificação da postura do PSD face ás eleições legislativas e futuro governo de Portugal.

Contra as expetativas que, entretanto, foram criadas, Rui Rio ganha as diretas, falando diretamente para os militantes e para os portugueses em geral, numa postura onde não existia uma preocupação de ser politicamente correto, mas antes uma frontalidade que eu apelido de corajosa em múltiplos aspetos e onde imperava sempre um grande respeito pelos portugueses no que diz respeito á posição do PSD sobre os diferentes cenários que podem resultar das eleições de 30 de janeiro. Isto sem tacticismos políticos.

Acredito, sinceramente que Rui Rio, reforçou imenso o seu capital político e a sua credibilidade perante os portugueses. Apesar de alguma surpresa e desapontamento relativamente a algumas listas de candidatos a deputados, acredito que o PSD pode ganhar as eleições de 30 de janeiro.

As ideias que têm vindo a lume sobre o pensamento político do PSD para o país e as linhas estratégicas que devem ser implementadas em diferentes áreas, correspondem em geral aquilo que penso serem medidas indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento de Portugal. Podemos em futuras oportunidades voltar a falar dessas reformas estruturantes que o país precisa e que Rui Rio já por muitas vezes referiu, mas quero desde já deixar aqui um primeiro apontamento sobre uma reforma que considero muito importante para aquilo que considero e penso que todos nós consideramos que é o desenvolvimento equilibrado do País.

Nós vivemos no chamado interior, tantas vezes esquecido e cada vez mais despovoado, onde um conjunto de condições e oportunidades nos são negadas precisamente por não termos políticas adequadas e claramente apostadas no investimento que garanta o aproveitamento de todas as nossas potencialidades e a criação de espaços territoriais onde a atratividade para a fixação de empresas e desenvolvimento de negócios seja uma realidade que crie riqueza e emprego.

Depois do insucesso das políticas centralistas destes últimos anos que não conseguiram travar a desertificação de toda a nossa região penso que uma das reformas importantes de que necessitamos é uma grande autonomia regional (regionalização) que possa, num quadro legislativo avançado, mas seguro, criar condições, entre outras, de desenvolver a competitividade entre diferentes regiões, nomeadamente na aplicação de políticas fiscais que fixem pessoas e empresas.

Se não existirem benefícios claros e concretos para que as empresas e as pessoas façam as suas opções, nunca conseguiremos contrariar o centralismo vigente e penso que isso pode ser conseguido com autonomia das regiões. Gostei de ouvir o Rui Rio falar sobre esta temática. 

Vamos trabalhar para a concretizar.

António Sebastião

Vereador do PSD na Câmara Municipal de Almodôvar