Os eleitos na Assembleia Municipal de Barrancos redigiram uma deliberação dirigida ao Governo sobre a fronteira entre Barrancos e Encinasola.
Recorde-se que o Governo encerrou a fronteira na sequência da pandemia Covid-19.
“Desde o primeiro momento compreendemos os fundamentos da decisão do Governo e, simultaneamente, constatámos os enormes constrangimentos que esta decisão acarretava para os trabalhadores transfronteiriços e empresários de Barrancos, uma vez que para se deslocarem para os locais de trabalho em Espanha passavam a ser obrigados a fazer, diariamente um percurso de quase 300 quilómetros quando o mesmo, fisicamente se resumia a pouco mais de 20 quilómetros”, lê-se no documento enviado às redações.
Para os eleitos, “esta nova realidade justificava a implementação imediata de soluções alternativas, que permitissem aos trabalhadores transfronteiriços e empresários locais, ultrapassar os novos constrangimentos (…)”.
De acordo com o documento, “foi criada uma solução para uma outra fronteira, em tudo semelhante à de Barrancos/Encinasola, que também tinha sido encerrada”.
“É absolutamente inadmissível este comportamento do Governo que, sem margem para dúvidas, perante uma situação idêntica, trata cidadãos portugueses de forma completamente diferente, criando a suspeição de que, existem portugueses de primeira e portugueses de segunda.”
O Governo, “numa tentativa de remediar o irremediável” reabriu a fronteira apenas dois dias por semana.
Esta foi uma “decisão inacreditável e vergonhosa, como se os trabalhadores transfronteiriços Barranquenhos só trabalhassem dois dias por semana, e os empresários Barranquenhos só exercessem a sua atividade apenas dois dias por semana. Seria caso para rir, se o assunto não fosse tão delicado, pois o que está em causa é o emprego e a atividade económica de dezenas de famílias de Barrancos”.
A Assembleia Municipal de Barrancos, deliberou, assim, “exigir ao Governo a abertura imediata da fronteira Barrancos/Encinasola, no mínimo, nos mesmo moldes previstos na Resolução de Conselho de Ministros de 30 de abril aprovada para uma situação idêntica” e que seja “dado conhecimento à Assembleia Municipal dos fundamentos que motivaram decisões distintas, para problemas idênticos.
Aquela Assembleia decidiu, ainda, “manifestar ao Governo, total repúdio pela forma leviana como abordou e decidiu sobre o assunto, que afeta, direta e indiretamente, dezenas de barranquenhos” e “exortar o Governo, a implementar mecanismos que impeçam que este comportamento discriminatório, sobre a Comunidade, se volte a repetir independentemente da decisão que estiver em causa”.