Susana Mestre estava grávida pela quarta vez. Perdeu o bebé antes do parto.
Com 38 semanas de gestão, a mulher, de 39 anos, começou com “fortes dores” que identificou como contracções. Foi levada de ambulância para o centro de saúde de Serpa. Depois de ter feito os devidos exames, o médico detectou falhas no batimento cardíaco do bebé.
Nesse mesmo dia foi transferida para o Hospital de Beja onde fez nova CTG (Cardiotocografia). O novo exame não mostrou qualquer anomalia.
Residente em Vale de Vargo, concelho de Serpa, a grávida continuou com dores e idas frequentes à urgência do Hospital de Beja. “Como não estava em trabalho de parto activo, mandavam-me para casa”, explica.
Na terça-feira, 3 de Março, foi novamente para o hospital com as mesmas dores. “Quando cheguei, a enfermeira que me tinha atendido anteriormente, olhou para mim e disse: já cá estás outra vez? Depois o médico mandou-me dar um passeio, andar um bocado para tentar acelerar o parto”, relata a mulher. De regresso ao hospital, esperou duas horas e mais uma vez repetiu a CGT. “A mesma enfermeira entrou com os exames no gabinete do médico e disse-lhe que estava tudo normal e que não havia contracções. Mandaram-me novamente para casa. Mas dessa vez justificaram que não ficava internada porque não havia camas disponíveis” descreve, emocionada.
Susana acredita que “se nessa terça-feira tivesse ficado internada, já com mais de 38 semanas de gestação, com as dores que tinha e dois centímetros de dilatação, tivessem provocado o parto, o meu bebé estava aqui, ao meu colo”, afirma, convicta e fortemente emocionada.
Na quinta-feira seguinte, dia 5 de Março, regressou novamente ao hospital com as mesmas dores. “Nessa manhã ainda senti o meu menino”, disse-nos com um leve brilho nos olhos.
Nessa tarde, no hospital, acompanhada pela mãe e por uma amiga, voltou a fazer nova CTG. Os batimentos cardíacos do bebé já não foram detectados.
“Fui, de imediato, para a sala de partos onde eu perguntei o que tinha acontecido e responderam que não sabiam”.
O bebé nasceu morto. Segundo indicação da mãe, com o cordão umbilical à volta do corpo.
Susana garante que saiu do hospital sem qualquer explicação.
A família já apresentou reclamação e exigiu uma explicação para o sucedido junto da Administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).
O bebé foi ontem autopsiado no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.
A Rádio Pax contactou a administração da ULSBA que se disponibilizou para qualquer informação sobre o caso. Como só ontem foi feita a reclamação, ainda não foram recolhidos elementos suficientes para facultar esclarecimento sobre o assunto.
Por ser um caso “delicado”, fonte hospitalar disse a esta estação emissora que “iria ser aberto um inquérito interno e informar o Ministério Publico”.