Covid-19: Produtos “sem controlo” afastam adegas do Alentejo do mercado de álcool gel

As empresas vitivinícolas do Alentejo não têm capacidade de competir no mercado de álcool gel devido à proliferação de produtos baratos, mas “sem controlo” das autoridades.

A Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito foi das primeiras a apoiar a linha da frente do combate à pandemia de covid-19, numa altura de enorme escassez de álcool gel, mas, um ano depois da confirmação do primeiro caso de covid-19 em Portugal, está praticamente “fora do mercado”.

Para o presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA), que ofereceu pelo menos 2.500 dos cerca de 13.000 litros de álcool gel que produziu nos últimos 12 meses, reconhece que o desinfetante produzido a partir de álcool vínico “não é o mais competitivo” e, por isso, “está em desvantagem”, mas aponta o dedo a outro problema.

Segundo José Miguel Almeida, trata-se das “importações de outros países” de produtos que “não têm o controlo que tem o produto feito em Portugal”.

A cooperativa do Baixo Alentejo fez mesmo um investimento “a rondar os 100 mil euros” para criar uma unidade de produção de álcool gel com recurso a “fundos nacionais e europeus”.

O produto, de resto, foi responsável por “10% do volume de vendas” da loja da ACVCA em 2020, mas já não tem, neste momento, uma procura que permita à unidade “estar permanentemente a trabalhar todos os dias”, embora a adega vá continuar a produção “sempre que for necessário”.

“Ficará de uma forma muito residual. Este é um equipamento que perdurará durante décadas, vai permitir-nos continuar a produzir este produto sempre que necessário e, provavelmente, surgirá alguma inovação desta própria unidade, um novo produto que se adapte às necessidades e ao mercado de futuro, mas não creio que o [álcool] gel venha a representar algo de muito expressivo no futuro”, considerou José Miguel de Almeida.

Rádio Pax/ Lusa