Não se trata apenas de uma crise financeira que foi transformada numa crise económica e, por arrastamento, numa crise social! Vivemos uma situação de bloqueio do sistema democrático.
Este já não é só um problema que se resolva com a possibilidade de o crescimento ténue da economia e com um simbólico decréscimo do desemprego. O aprofundamento de uma crise demográfica com a saída de milhares de jovens qualificados e a destruição de centenas de milhares de empregos em áreas profissionais muito especializadas, atiraram por terra boa parte do esforço que o país fez nas últimas décadas na qualificação dos nossos recursos humanos, particularmente das gerações jovens.
O que este governo conseguiu foi uma espiral de negatividade e de perda de esperança num futuro melhor para a esmagadora maioria das Pessoas. Portugal definha, empobrece e anda à deriva, nas mãos de cegos seguidores dos “Mercados” que vem destruindo a paz social na Europa.
Portugal definha, bloqueado, por via daqueles que a partir do memorando de entendimento, construíram de forma objetiva e com fundamentação ideológica, um caminho que quer conduzir Portugal e os Portugueses a um retrocesso social devastador!
Limitar o acesso das pessoas aos serviços básicos como a educação e a saúde. Destruir o papel fundamental que o Estado deve ter na garantia das liberdades e da equidade para todas e todos. Retroceder ao Portugal de Ricos e Pobres, que se vivia até ao advento da Libertação Democrática do 25 de Abril. Travar esta obstinação ideológica, é uma urgência que a todos interpela.
Pensarão todos que este discurso coloca o Governo num patamar de maldade ou de incompetência que não tem explicação plausível e que tornaria esta reflexão pouco credível! Mas não é de maldade ou de ingenuidade que se trata quando falo da ação deste Governo. Do que falo é de uma crença, que este governo tem, na inevitabilidade da pobreza extrema, numa ideia clara de que muitos não são capazes e de que nem todos são necessários para construir um melhor Portugal!
Mas, travar esta “revolução em curso”, só será possível com a construção duma Agenda de progressiva retoma económica e social, no quadro das especializações que nos valorizem no Espaço Europeu, sabendo tirar partido daquilo que melhor sabemos fazer, o que passará pela exigente aposta na qualificação e valorização dos nossos recursos humanos. Este é o desafio que o Partido Socialista tem que saber liderar, juntando os vastos sectores sociais descartados e marginalizados, e congregando os agentes económicos, científicos e políticos que vem proclamando que a Alternativa é possível e indispensável.
É neste cenário de exceção que o Partido Socialista tem a responsabilidade de construir uma proposta de política publica e, consequentemente, de uma proposta de governação que os Portugueses entendam e que se seja capaz de os mobilizar para a sua concretização. Uma proposta assente na preservação do bem comum, no acesso de todas e de todos e que assuma que não quer deixar ninguém para trás.
Neste momento de exceção não pode haver lugar a duvidas e a hesitações. Este é o momento de clareza, é o momento de investir numa relação com os Portugueses que assinale o caminho da esperança de um futuro em Portugal!
E é este o momento de exceção que o Partido Socialista também vive! Este é um momento único de disputa interna do qual só pode emergir uma proposta de governação e uma liderança que mobilize todas e todos. Deste momento deve emergir um Partido Socialista mais forte e mais coeso porque é isso que Portugal e os Portugueses exigem de um partido que queira liderar Portugal. Neste momento não chega querer ser alternância de protesto. É preciso ser alternativa de governo!
É neste contexto e neste momento politico, e não noutro, que o António Costa decidiu disputar a liderança do Partido Socialista e disponibilizar-se para liderar Portugal.
Liderar Portugal neste contexto de exceção exige coragem, disponibilidade e exige ter uma agenda politica que seja capaz de mobilizar Portugal e eu acredito que o António Costa tem essa agenda, tem essa coragem e tem essa vontade de nos voltar a fazer acreditar em Portugal e nos Portugueses!
Hélder Guerreiro
Presidente da Comissão Política Concelhia de Odemira do PS