Cruz Vermelha de Beja alega “razões de segurança” e não transporta doente para Lisboa

A Cruz Vermelha de Beja está a ser acusada de recusar o transporte de um doente psiquiátrico do serviço de urgência do Hospital de Beja para uma unidade hospitalar em Lisboa. A notícia é avançada pelo Expresso online.

O Expresso online apurou junto de Ana Matos Pires, directora do serviço de psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), que dois funcionários da Cruz Vermelha, responsáveis pelo transporte, alegaram “que já tinham telefonado ao seu superior hierárquico e que este tinha concordado que não se fizesse o transporte por razões de segurança”.

Em causa terá estado um comportamento “agressivo” do paciente de 50 anos, diagnosticado com uma perturbação psicótica.

Um dos funcionários da Cruz Vermelha de Beja, encarregue de fazer o transporte, garantiu ao Expresso online que nem ele nem o seu colega recusaram o serviço.

“Só dissemos que não era conveniente irmos sozinhos com ele, porque é uma pessoa muito agressiva”, referiu o profissional, recordando comportamentos “impróprios” do indivíduo em Abril passado, altura em que foi igualmente transportado de Beja para Lisboa.

Os funcionários da Cruz Vermelha terão pedido que elementos da PSP acompanhassem o transporte o que foi recusado.

No momento do transporte o doente encontrava-se calmo. Ana Matos Pires assegurou que o paciente fez a “medicação necessária para garantir que o transporte fosse efectuado sem qualquer problema”.

Fonte da PSP adiantou que “não havia base legal” para acompanhar o transporte do doente e que o mandado de internamento compulsivo emitido pelo tribunal de Cascais, e que permitiria à polícia acompanhar o transporte, só chegou no dia seguinte.

O indivíduo foi encontrado nas ruas de Beja, pela Polícia, na semana passada, três meses depois de ter desaparecido das instalações do Centro de Apoio Social do Pisão, em Cascais.

Um elemento policial adiantou ao Expresso online que o homem “estava na via pública, debilitado, urinado e com um discurso não coerente”.

Foi atendido na urgência de psiquiatria do Hospital de Beja e encaminhado para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa. Como a Cruz Vermelha terá recusado, o transporte foi feito pelos Bombeiros de Vidigueira sem que se tenha verificado qualquer problema.

O Expresso online sublinha que tentou, sem sucesso, junto da Cruz Vermelha, esclarecer em que circunstâncias pode ser recusado o transporte de doentes.