A Praça da República, epicentro do evento, vai apresentar recriações históricas, mercado romano, espectáculos de fogo, música, cortejos com cavalos e falcoaria entre outras iniciativas.
Durante três dias Beja volta a ser Pax Julia, nesta recriação histórica que leva os visitantes até um período de extrema importância para a afirmação da cidade.
A Camara de Beja colocou à disposição da população roupa do período romano para que todos possam participar nos desfiles.
João Rocha, Presidente da Câmara de Beja, fala-nos desta iniciativa inovadora.
Quais são as expectativas para esta segunda edição da Beja Romana?
Atendendo à recetividade e volume de contatos que temos tido por parte das mais diversas entidades e instituições da cidade, estamos confiantes de que esta segunda edição terá uma dimensão bem maior que a do ano passado. Para isto não foi alheio o trabalho de consolidação que foi sendo realizado ao longo do ano por parte da autarquia em conjunto com a Escola D. Manuel I, que foi a entidade percursora do primeiro esboço deste evento e que é hoje a parceira privilegiada do Município. Embora também possamos contar com outras escolas na dinamização deste grande evento.
Olhando para o passado da cidade, este é um Festival que fazia falta a Beja?
Pensamos que, mais do que fazer falta, esta recriação histórica se impunha. Beja é uma cidade com mais de 2 mil anos de História, com um património histórico, artístico e cultural importantíssimo e que importa valorizar, a par com o património arqueológico. Os mais recentes vestígios encontrados nas obras em curso na Praça da Republica e Rua da Moeda incluem, para além de outros achados, um templo romano do século I, que pode ser o maior do país e um dos maiores da Península Ibérica, permitindo perceber a história de Beja desde a idade do Ferro até aos dias de hoje. Julgo que não existem dúvidas da importância que devemos atribuir a este achado, e da responsabilidade que nos cabe de não o deixar escondido. Beja precisa de se reencontrar com a sua identidade cultural, as gerações mais novas devem aprender a amar a sua cidade as suas raízes, pois o futuro de um povo só se garante se soubermos preservar o seu passado.
Sente que já há um grande envolvimento da cidade na iniciativa?
Como referi no início, graças aos contributos que temos tido, sentimos que a cidade já percebeu o que se pretende e qual a estratégia do Município, e está a aderir com bastante entusiasmo às nossas propostas. A criação de dinâmicas próprias no centro histórico, através deste, como de outros eventos, tem tido uma resposta massiva das pessoas que começam a habituar-se a ver a sua cidade com mais vida, com mais cor e com alegria. O envolvimento do movimento associativo e a boa relação com as escolas, patente nas inúmeras atividade que temos dinamizado com estas estruturas, são a prova de que uma cidade se faz com quem quiser dar o seu contributo, com todos os que preferirem participar ativamente, ao invés de criticar. Estes eventos, o seu sucesso e dimensão não são mais que o reflexo dos cidadãos e populações que os ajudam a engrandecer.
Do ponto de vista turístico, são visíveis os impactos do festival?
Esse é outro dos objetivos para os quais estamos a trabalhar e toda esta programação, integrada e sustentável, tem em vista promover a atratividade turística do Concelho, como fator determinante de desenvolvimento. Estamos a dar os primeiros passos e as mudanças não se fazem de um dia para o outro. Não temos pressa. Preferimos saber, de forma segura, quais são os caminhos que queremos trilhar e os resultados desse planeamento a seu tempo aparecerão. A consolidação e reconhecimento dos eventos num plano nacional, ou até internacional, faz-se com uma estratégia, um fio condutor e com a procura de alcançar a qualidade, uma marca distintiva que faça com que valha a pena visitar e fruir. É esse o investimento que estamos a realizar, precisamos de mais recursos e tempo para tornar apetecível a nossa cidade e região, temos outras entidades com responsabilidades neste plano de desenvolvimento e que muitas vezes não cumprem a sua quota-parte, como é o caso da Administração Central, mas somos persistentes, trabalhamos para isso e temos a consciência que esse objetivo será alcançado, com a participação de todos.
O Festival veio para ficar?
Sem dúvida que sim. Entendemos este como mais um dos projetos âncora para a revitalização da cidade de Beja e do seu Centro Histórico. Quando o executivo da Câmara pensou estes eventos para a cidade não foi apenas porque queríamos fazer festas e animação, são projetos que se inserem numa estratégia de desenvolvimento devidamente ponderada e avaliada. Este Festival integra-se na mostra global do nosso passado e riqueza cultural, que devemos promover e tornar visível a acessível a todos quantos vivem na cidade e aos que nos visitam. Este projeto foi assente na descoberta importantíssima dos vestígios do antigo fórum romano de Beja (Pax Julia) onde iremos construir o Centro de Arqueologia e Artes de Beja, cujo financiamento já foi protocolado, e constitui um das principais obras a concretizar pelo Município. Todas as dimensões devem ser ponderadas e rentabilizadas pois apenas com esta política integrada é que se alcançará o desenvolvimento que ambicionamos. Queremos, sobretudo, que as pessoas gostem da sua cidade e do seu concelho e participem em todas as vertentes da sua vida e do seu pulsar.