O cenário continua a ser preocupante no Centro de Saúde de Beja. Cerca de oito mil utentes, entre os quais mil crianças, continuam sem médico de família na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados. A informação foi confirmada à Rádio Pax pelo Diretor Clínico para os Cuidados de Saúde Primários da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, Luís Coentro.
Está atualmente a decorrer um concurso nacional para a colocação de médicos, e os resultados estão a ser aguardados com expectativa. Luís Coentro adianta que aguarda apenas a lista final de colocações para poder distribuir os utentes pelos dois médicos que deverão reforçar a unidade de saúde de Beja.
No caso das crianças institucionalizadas a atribuição de médico de família é prioritária. No entanto, o Diretor Clínico alerta para a necessidade de distribuir os casos por mais do que um clínico, evitando concentrar todos os menores numa única médica. “Se daqui a um mês ou dois essa médica engravidar, voltamos ao mesmo problema”, sublinha.
Luís Coentro acredita que, se tudo correr como previsto, a situação poderá estar resolvida entre o início e meados de julho, com a chegada e integração dos dois novos profissionais.
Recorde-se que esta questão ganhou visibilidade depois da Rádio Pax ter noticiado que dezenas de crianças e jovens acolhidos em instituições residenciais de Promoção e Proteção, no distrito de Beja, estão sem médico de família desde março. A situação arrasta-se desde a aposentação da médica que os acompanhava.
Estes menores, com historial de saúde muitas vezes fragilizado e necessidade de cuidados médicos urgentes, deveriam, segundo a legislação, realizar uma primeira avaliação médica no prazo de um mês após o acolhimento. Mas a falta de médicos tem comprometido esse acompanhamento.
Neste momento, a resposta possível passa por consultas destinadas a utentes sem médico de família. No entanto, estas alternativas são claramente insuficientes, sobretudo para uma população vulnerável e com necessidades específicas.
A falta de médicos de família continua a ser uma das maiores preocupações no setor da saúde no Baixo Alentejo, exigindo soluções urgentes e sustentáveis.