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Festival Islâmico: Entrevista com Jorge Rosa

O 8º Festival Islâmico regressa ao Centro Histórico de Mértola.
Festival Islâmico: Entrevista com Jorge Rosa

De 21 a 24 de Maio a “herança islâmica da vila-museu volta a misturar-se com mercadores e artesãos vindos da bacia do mediterrâneo, numa celebração cultural única”.

O Festival volta a apostar no mercado de rua (souk), na música, nas exposições, nas conferências, no teatro e na gastronomia.

Jorge Rosa, presidente da Câmara Municipal de Mértola, em entrevista à Rádio Pax, afirma que o Festival “é um ex-libris de todo o sul de Portugal”.

O autarca garante que os objctivos da autarquia na área da cultura islâmica é “fazer mais, ganhar mais importância”.

O Festival Islâmico é já um ex-líbris do concelho de Mértola. Como é que foi conseguida essa consolidação ao longo das oito edições da iniciativa?

O Festival Islâmico é um ex-libris de todo o sul de Portugal, sendo que no concelho de Mértola é sentido como algo de excecional. O nosso festival é único, inimitável, e apenas funciona bem no Centro Histórico de Mértola, pelas suas características de bairro islâmico, de construção islâmica. A consolidação está feita, e foi conseguida logo nas primeiras edições. Não na primeira, que foi algo insipiente, insegura, nem na segunda, onde ainda se procurava resolver dúvidas, onde ainda se trabalhou um pouco na incerteza, mas talvez logo após a 3ª edição, confirmado pela sua 4ª edição. Desde aí o evento tem evoluído, têm sido criadas e estabelecidas novas dinâmicas sociais e culturais, novas ligações, novas parcerias, que são trabalhadas edição a edição, sempre com uma perspetiva forte de ligação histórica, de passado comum, que se fundem em cada edição do Festival Islâmico. Digamos que a receita está apurada, os ingredientes existem e são puros, genuínos, apenas têm de ser retemperados edição após edição, evoluindo e inovando nos pormenores.

Há visitantes fiéis e que repetem a presença em Mértola por altura do Festival Islâmico. Existe a preocupação de inovar em cada edição? Quais as novidades deste ano?

Uma boa parte dos visitantes repetem-se em cada edição, ou então de duas em duas edições. As pessoas que conhecem ou visitam adoram Mértola, ficam apaixonadas pelo património, pela história, pelas mais valias naturais, pela caça, pelos passeios, enfim, pelas inúmeras atrações que possuímos e fazemos. Em cada edição do festival há sempre inovação, existem sempre melhorias, retificações, agendamentos de novas atividades no programa, enfim, sempre algo de diferente, para que os visitantes não digam que esta edição é igual à do ano passado. Também neste ano há novidades, aconselho a ver o programa, ou melhor, a deslocarem-se a Mértola e comprovarem diretamente.

O que diferencia o Festival de Mértola das outras recriações de época que existem um pouco por todo o país?

O Festival Islâmico de Mértola não é uma recriação, ou seja, não se cria um cenário e figurantes. Nós basicamente deslocamos um mercado árabe, um Souk para o nosso centro histórico. Nós aproveitamos todo o nosso passado e história de ocupação islâmica, aproveitamos o património edificado, os vestígios dessa ocupação para reviver e assistir durante 4 dias a uma vivência totalmente islâmica. Durante 4 dias vêm viver para Mértola genuínos mercadores, genuínos árabes, com os seus costumes, as suas tradições, com a sua religião, e que transformam completamente a nossa vila. Este espirito comercial, aliado à musica, às exposições, colóquios, à cultura islâmica. Não é comparável com essas recriações. Com toda a dignidade e legitimidade que têm, são recriações de épocas medievais, e não algo genuíno, e é por isso que este festival é único.

É uma preocupação do município a preservação e a valorização desta herança islâmica? E de que forma?

A preservação da história de Mértola é sempre uma preocupação, mas também é uma mais-valia fantástica, que devemos aproveitar ao máximo, em prol do desenvolvimento. Poucos municípios portugueses têm uma história tão rica e importante como Mértola, e no período de ocupação islâmica somos dos mais importantes de todos, e temos sabido aproveitar isso. E tão importante como ter essa história é saber fazer uso dela, saber promove-la, valorizá-la, divulga-la, realçar a sua importância cultural e patrimonial. Esta é uma área onde queremos ainda investir mais, potenciar o conhecimento, as práticas, e desenvolver mais atividades e nichos de interesse, como a Rota Islâmica ou o complexo de Hammam. Continuaremos a valorizar-nos por via desta história, de forma também a manter o interesse dos visitantes e turistas que diariamente vem a Mértola.

Em números, quantos visitantes são esperados durante os quatro dias do Festival e de onde vêm?

Não é fácil adiantar um número, dado que as referências que temos são fornecidas pelas entradas nos núcleos museológicos, pelos dados que nos são fornecidos pelo secretariado, pelos dados dos estacionamentos e dos elementos da organização, pela ocupação e restauração, e é sempre uma estimativa, embora muito fidedigna pelo cruzamento de todos os dados. Há três edições do festival que temos estimativas de 50.000 visitantes distribuídos pelos quatro dias. Nesta edição esperamos pelo menos os mesmos números, embora os dados que temos até agora nos indiciem mais visitantes, pelas intenções transmitidas de cá virem. Temos visitantes de várias nacionalidades, de toda a europa. Mais portugueses e espanhóis, talvez na ordem dos 80%.

Qual o reflexo que o Festival Islâmico tem no comercio, na restauração e na hotelaria do concelho?

Este evento é de todos o mais importante para o comércio. Os milhares de pessoas que se deslocam a este evento obrigam o comércio a funcionar. Desde logo para os preparativos, algumas semanas antes, e depois nos dias que antecedem o festival, e claro, muitíssimo durante o evento, todo o comércio funciona e realiza receita. Os alojamentos estão cheios, em Mértola mas também em grande parte do distrito, os restaurantes servem milhares de refeições, os cafés, cafetarias, pastelarias, todos conseguem fazer bastante mais negócio do que noutro qualquer evento. Os visitantes procuram gastronomia, mas também diversão, conhecimento. Explorar um sitio novo, fantástico, fotografar e levar recordações. Todos os comerciantes que estão no Souk fazem bom negócio, os apoios de alimentação e bebida também. Eu diria, para concluir, que o reflexo é enorme, e num caso ou noutro pode significar a manutenção do negócio.

Quais as metas para as próximas edições?

Os nossos objetivos para esta área da cultura islâmica são enormes. Queremos fazer mais, ganhar mais importância. Continuar a realizar o Festival Islâmico sem perder a sua filosofia, a sua unicidade. Não o deixar adulterar, mantê-lo genuíno, dinamizando-o o mais possível e não o deixando cair na monotonia, na rotina. Temos muita ambição para bem explorar o nosso passado, a nossa história islâmica, para a vertente turística, mas também da investigação, do conhecimento.

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