Como é sabido o PSD vive um período de definição interna, onde procura reencontrar-se, mas acima de tudo, procura perceber para onde vai e como deve fazer a sua caminhada.
Eu sou daqueles que não acho que o partido deve iniciar uma reflexão ideológica, mas sim identitária, deve haver seguramente uma adaptação aquilo que tem sido a evolução da política ao longo dos tempos, bem como a uma nova realidade circunstancial em termos de novas soluções partidárias.
Não concordo que se deva discutir uma reflexão ideológica, porque o meu partido assenta e sempre assentou nas mais variadas sensibilidades políticas, que o torna assim plural na ação e na forma de pensar.
Acho que o PSD deve refletir sobre as razões que levaram ao surgimento de partidos à sua direita sem dogmas e com muita humildade. Deve refletir sobre as razões que fizeram os portugueses não confiar em si, não o ver como alternativa a um Governo desgastado, que aumentou o nível pobreza e viu ao longo destes últimos 6 anos, deixar ultrapassar-se por vários Países de leste, sem esquecer os inúmeros casos de corrupção que foram acontecendo com muita naturalidade.
O Partido Socialista conseguiu de forma excecional passar uma mensagem, em que o simples facto de não termos caído, ainda, em bancarrota já é um caso de sucesso e é mais do que suficiente para que haja um reforço de confiança por parte dos portugueses.
Conseguiu normalizar a perda de riqueza e do nosso poder de compra, sem que nenhum mal viesse daí ao mundo. A fasquia e a expetativa foram postas tão em baixo, que o mau é suficiente.
O PSD tem 4 anos para redimir-se de vários erros que foram cometidos no passado. Tem quanto a mim uma boa margem de crescimento para voltar a ganhar eleições, se voltar a ser um partido que represente vários setores da sociedade e não tiver medo de defender as verdadeiras causas que preocupam na realidade as pessoas.
O PSD deve voltar a ter um discurso para fora franco, com alma e sagacidade. Um discurso que faça novamente acreditar. Um posicionamento político que faça regressar quem foi embora. Reaproximar a São Caetano à Lapa às estruturas regionais. Uma estratégia de procurar os melhores para servir o partido independentemente das suas escolhas no passado e deve por último mas não menos importante, assumir uma linha orientadora que o distinga por completo do Partido Socialista.
Dos 2 candidatos que se perfilam para liderar o PSD, o que conseguir fazer isto na sua plenitude, não será um líder a prazo como muitos vaticinam, será mais tarde ou mais cedo o próximo 1 Ministro de Portugal.
Gonçalo Valente
Presidente da Comissão Política Distrital do PSD de Beja