O Partido Social Democrata vive hoje um periodo de clarificação interna, proposto pela própria Comissão Politica Nacional e ratificada em Conselho Nacional, apesar do mandato terminar apenas em Fevereiro. Este escrútinio parece-me fundamental para definir a estratégia politica a seguir, bem como as bases estruturais de um partido que nós queremos ver ambicioso, acutilante e mobilizador, um partido que precisa de voltar a tocar no coração das pessoas, precisa essencialmente na minha ótica, de se reinventar e assumir a sua identidade para voltar a ganhar eleições nacionais.
Tão ou mais importante do que o candidato que venha a sair vencedor, é a forma como irá decorrer o debate interno. Ambos os candidatos, as suas respetivas equipas, bem como os apoiantes de parte a parte, devem garantir a elevação do discurso e o respeito pela opinião de cada um. Sei que por vezes nos podemos esquecer nestas alturas, mas não é de somenos perceber que se hoje estamos mais perto do grande objetivo, também é verdade que o precipicio não estará mais longe se não houver moderação e juizo.
Rui Rio e Paulo Rangel têm aqui uma oportunidade para fazerem destas eleições umas primárias, o discurso deve assentar no projeto de cada um, não só para o partido, mas sobretudo para o País. Os portugueses têm de sentir que somos de confiança e perceber que estamos preparados para governar Portugal. Uma coisa é o governo de António Costa estar desgastado e as pessoas quererem mudança, outra bem diferente é se as pessoas olham para nós como sendo capazes de preconizar essa mesma mudança.
Realizar as eleições internas debaixo da cortina de fumo de legislativas antecipadas, é quanto a mim fundamental, porquê? Porque os projetos são antagónicos. É preciso saber o que querem os militantes do PSD para o seu partido. Só assim o vencedor sairá legitimado e reforçado para ser 1 Ministro.
As divergencias entre os dois candidatos são essencialmente estratégicas e ideológicas. Rui Rio pretende acantonar o partido ao centro e centro esquerda, procurando recuperar as suas origens, esquecendo-se que a politica evoluiu e aquilo que era a realidade em 1974, é completamente diferente daquela que é hoje. Pretende manter a proximidade ao PS e a disponibilidade para estabelecer alianças com este. Paulo Rangel por outro lado, pretende aumentar a abrangência ideológica, considera que o PSD deve ser mais plural, admitindo um posicionamento entre o centro esquerda e a direita moderada. Não admite alianças com António Costa, querendo vincar as diferenças entre os 2 partidos e a sua visão é essencialmente inclusiva.
Eu votarei Paulo Rangel por considerar que neste momento será o lider que melhor poderá servir o meu partido e consequentemente o meu País. Votarei por me rever mais nas suas bases ideológicas e no projeto transformador que quer apresentar a Portugal. Votarei por lhe reconhcer ambição, preparação, capacidade de mobilização e combatividade. Neste momento o PSD precisa de apresentar frescura e linhas orientadoras disruptivas, sob pena de definhar e não aproveitar os sinais que os portugueses nos têm dado nos ultimos tempos.
Gonçalo Valente
Presidente da Comissão Política Distrital do PSD