Esta é a minha última manifestação de opinião sobre o Baixo Alentejo e é num tempo em que vivemos momentos muito desafiantes no que diz respeito à construção de um futuro coletivo para um território que procura contrariar o que há muito está definido.
Aquele que deveria ser um processo de construção estratégica para uma região onde as principais reflexões deveriam assentar nas ligações de profundidade desde o oceano atlântico (costa sudoeste) à zona raiana com Espanha e nas relações verticais com a área metropolitana de lisboa e/ou com a Região do Algarve. Em vez de tudo isso estamos a construir de forma separada, Alentejo Litoral para um lado e Baixo Alentejo para outro, a resposta que se nos impõe ao próximo período de programação de fundos comunitários.
Em vez de pensamento estratégico para e sobre uma região estamos entretidos, de forma cada vez mais separada e distante, a arrumar somatórios de projetos e de intenções de projetos que se encaixem nas grandes opções de política definidas pela comissão europeia.
É verdade que este é um fado há muito conhecido e que nos tem permitido um desenvolvimento local, regional e nacional que de outra forma seria mesmo impossível. É bom, é positivo e não tem estado, deliberadamente, nas nossas mãos. Ou, por outro lado, poderemos não estar a utilizar esta oportunidade para, dentro das regras dos fundos comunitários, construirmos estratégia regional. É verdade que as regras permitem uma abordagem diferente daquela que temos seguido, mas essa outra forma obriga a uma concertação diferente daquela que temos conseguido.
Construir as diferentes Intervenções Territoriais Integradas, que se preveem no próximo quadro plurianual de fundos comunitários, da mesma forma separada como o temos feito significará o fim da ideia do Baixo Alentejo constituído pelos 18 concelhos. Não é nada de grave até porque representa bem o caminho que tem sido escolhido pela maioria e isso, também é, democracia.
Sobre o futuro que vamos ter, gostaria de finalizar dizendo que a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (que não inclui Odemira) tem feito um percurso de coesão que é muito assinalável no contexto das comunidades intermunicipais de todo o país. Tem sabido fazer um trabalho intermunicipal em muitas áreas e tem tido um desempenho muito positivo na execução de projetos que vão contribuindo para ligar, cada vez mais e melhor, os 13 concelhos que a compõem. Isto é uma boa noticia para a exigência que o próximo quadro comunitário impõe e para o futuro de um Baixo Alentejo que, com muita pena minha, seguirá sem Odemira.
Hélder Guerreiro
Presidente da CM Odemira