António José, o idoso de 87 anos que terá sido maltratado no lar da Santa da Misericórdia de Ourique veio a falecer, na manhã de ontem.
Segundo, Orlando José, o filho da vítima, as causas da morte do octogenário estão relacionadas com os problemas com que António foi diagnosticado, quando ainda estava no Lar de Ourique.
Recorde-se que Orlando José, de 63 anos, decidiu colocar o seu pai num lar. Como teve dificuldade encontrar um disponível na zona de Almada, onde reside, tentou noutros pontos do pais. Através de uma pessoa amiga, conseguiu encontrar uma alternativa em Ourique, no distrito de Beja.
“Estava a ser difícil ter o meu pai em casa comigo. Com as limitações da idade, sentia que já não lhe conseguia dar a assistência e o conforto que ele necessitava”, explicou o filho ao Correio da Manha.
António José, de 87 anos, entrou no lar da Santa Casa da Misericórdia de Ourique no dia 6 de Novembro.
“No primeiro dia chamou-me a atenção um senhor de idade, no chão. Disse a uma funcionária e a resposta dela foi: ele costuma cair. Sinceramente, não fique bem impressionado”, desabafou.
Passados oito dias, Orlando foi visitar o pai e o cenário que encontra deixou-o bastante desiludido.
“Muito magrinho e com sinais de desidratação, barba por fazer, atado a um cadeirão, tombado para o lado, com papa seca na boca, parecia cimento. Pedi a uma funcionária para limpar o meu pai, ela fê-lo com tal violência que o velhote gemeu com dores”, descreveu, emocionado. “Aquela papa já estava ali (nos lábios) há muitos dias”, acrescenta.
Nesse mesmo dia Orlando José chamou a enfermeira do lar e, mais tarde um médico que terá encontrado “fungos na garganta e boca” do idoso.
O octogenário foi, de imediato, transportado para o Hospital de Beja onde o medico de serviço confirmou que o idoso estava desidratado. Foi ainda detectado uma ferida junto ao ânus e uma anca deslocada.
O filho acredita que, “se não viesse ver o meu pai passado 8 dias, possivelmente já estaria morto”, afirmou, comovido.
Apesar de continuar a não ter condições, Orlando José levou novamente o pai para casa quando este teve alta hospitalar.
“Maltratado só foi aqui (no lar de Ourique), não permito que volte a acontecer”, conclui.
Vinte dias após ter saído do lar da Santa Casa da Misericórdia de Ourique, António José acabou por falecer.