No passado dia 4 de Junho, numa iniciativa do Radar Social da CMBeja, juntou-se um número elevado de profissionais da área social, onde também estive presente como Provedor da Misericórdia de Beja, para debater e apresentar propostas sobre desafios e novas abordagens dos atuais problemas dos idosos. E como podemos inovar, em relação ao que se tem feito, para responder às atuais/futuras necessidades.
O que é inovação social para os novos idosos ?
Num futuro próximo, muito rapidamente seremos confrontados com problemas diferentes, o que nos obrigará a soluções diferentes. Os novos idosos exigirão apoios muito para além dos atuais contratualizados pelo Estado, tais como a higiene pessoal, higiene da habitação, alimentação e tratamento de roupas.
Esses novos idosos viveram uma vida felizmente muito diferente e melhor que os seus antecessores, e como tal, os apoios atuais, embora muito importantes, são insuficientes, e outros serão necessários ( teleassistência, consultas no domicilio, pequenas adaptações em casa, atividades socio-ocupacionais, administração de medicamentos, acompanhamento a serviços da comunidade, estratégias de combate à solidão, etc etc ), para que as suas vidas estejam mais próximas do bem estar, físico e emocional, do que uma simples estratégia de prolongar a longevidade.
Quem tem reformas simpáticas e muito acima da média, tem várias ofertas privadas, que lhe podem proporcionar esse bem estar físico e emocional, mas com reformas baixas e cada vez menos apoios sociais por parte do Estado, serão uma pequena minoria. E como se democratizam essas novas abordagens, para que seja possível oferecer estes apoios a muitos mais ?
A oferta de uma qualidade de vida plena e desejável, faz-se com profissionais específicos, cabendo aos voluntários, um apoio complementar, mas nunca o principal. Assim, precisamos de rentabilizar recursos, de modo a poder libertar verbas para remunerar esses profissionais. Pois como atrás referi, é minha convicção que o Estado não terá condições para suportar esse adicional financeiro (pois vai ter outras necessidades e prioridades orçamentais, nomeadamente na habitação, defesa, imigração), e como as reformas não vão aumentar, antes pelo contrário, embora politicamente todos digam o contrário, não será com certeza pela via do financiamento público ou particular, que vamos resolver esta questão.
Num sector em que o grande centro de custos (entre 75 a 85 %), são remunerações aos trabalhadores, (os tais profissionais que vão cuidar dos idosos), este é um valor quase impossível de melhor rentabilizar sem perder qualidade, e portanto pelo lado da despesa, não há muito a fazer. Mas há sempre qualquer coisa que se pode fazer e que devemos tentar.
O quê ?
Unindo-nos ! Unir, não é perder identidade. O Concelho de Beja tem pouca população e as Instituições Sociais, têm serviços que podem ser rentabilizados se geridos em conjunto, e que não fazem parte do objetivo final, que é cuidar. Por exemplo, lavandarias cozinha, formação profissional e outros. Assim como poderiam contratualizar profissionais (médicos, enfermeiros e outras formações), que cada Instituição por si não consegue pagar nem atrair para o Concelho, e que em conjunto estariam mais perto de conseguir. E também gerir os atuais recursos humanos e materiais
Bem, mas o que tem isto de inovação, que é o tema desta crónica ?
Quando se fala em inovação, espera-se que a resposta seja sempre a de que descobrimos e fazemos coisas fantásticas e inovadoras em Portugal. E com isso descuramos os aspetos mais básicos, como começar por fazer na nossa região o que não existe, coisas que outros já fazem e nós não, ver os melhores exemplos, adaptá-los e aplicá-los. Muitas vezes os grandes problemas resolvem-se com um conjunto de pequenas e simples soluções. Para mim, na nossa terra, inovar será unir. Por si só, já será um pequeno grande passo. E depois, certamente, várias hipóteses se abrirão, tal a panóplia de possibilidades que daqui advirão. Cabe à CMBeja, como responsável local deste sector, desde há alguns anos a esta parte, dar o pontapé de saída.