João Dias: A saúde no distrito, é preciso salva-la!

São por todos reconhecidas as dificuldades por que passamos na área da saúde no distrito de Beja, são muitas as dificuldades no acesso a consultas, muitos utentes não têm médico de família, ter acesso a uma consulta no hospital é um autêntico calvário, para fazer exames esperamos meses a fio e em muitos casos só os fazemos em Évora ou Lisboa, tratamentos como fisioterapia ou outros são incomportáveis com os elevados custos das deslocações, a que se junta a falta de condições pois o nosso hospital já não tem espaço para mais.

Da falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, à falta de equipamentos como a ressonância magnética, da recusa em melhorar e investir no hospital de Beja e centros de saúde, passando pelo abandono de hospitais como o hospital de Serpa, até à opção para a construção de um hospital privado quando a prioridade deveria ser a de acabar com os contentores no recinto do hospital de Beja construindo a segunda fase do hospital, leva-nos a concluir que no distrito de Beja também a área da saúde tem sido alvo do mais profundo desinvestimento a que podemos assistir no nosso país.

Se não vejamos, o hospital de Serpa foi entregue nas mãos da Santa Casa da Misericórdia que fecha, constantemente, as urgências, tem tido salários em atraso aos seus profissionais, reduz o nível de cuidados prestados, tudo situações que já mais aconteceram quando o hospital estava no SNS. E o PS resiste em reverter o hospital para a esfera pública.

O hospital de Beja, há mais de 40 anos que aguarda pela construção da segunda fase, o que na verdade representa um novo hospital, em vez disso os contentores crescem que nem cogumelos no recito do hospital, o que claramente não são as melhores condições para utentes e profissionais. Precisamos de uma consulta externa nova, de uma urgência nova e de um novo bloco operatório, tudo condições que a segunda fase do hospital resolvia. A ressonância magnética, que hoje é já um exame vulgar, continua por instalar por opção do governo e administrações do hospital que já poderiam ter resolvido a questão e agora também por vontade da empresa que quer equipar o futuro hospital privado com esse equipamento, e assim corremos o risco de perder o financiamento de 1 milhão de euros que só estará disponível mais 18 meses perdendo-se a oportunidade de garantir que os nossos utentes não tenham que ir a Évora ou a Lisboa para fazer uma ressonância.

Os serviços hospitalares têm mais de metade dos médicos à beira da reforma e não se vêm medidas de fixar e atrair jovens médicos para o nosso hospital, colocando em risco a maioria das especialidades e o hospital à beira da rutura. O mesmo se passa com os centros de saúde que em muitos casos quase metade da população não tem médico de família.

Enfim, o Serviço Nacional de Saúde que foi e é o instrumento essencial para garantir o acesso à saúde a toda a população, está hoje no nosso distrito à beira de atingir um ponto de rutura, tudo por opção política!

João Dias

Deputado do Grupo Parlamentar do PCP