Jorge Barnabé: Expectativas

EXPECTATIVAS

Num momento que normalmente é propício a balanços prefiro falar do futuro, do que desejamos num tempo mais alargado mas que se decide, de novo, num acto eleitoral. 

Votar e escolher é sempre uma boa oportunidade para revisitar as ambições e os projectos. Votar, com a opção que cada um considerar ser o melhor é o mais importante do espírito democrático.

Ora, sobre as opções que nos dão a escolher não me pronuncio, porque é de cada um o direito de optar. Nem tão pouco faço análise sobre o perfil dos candidatos a deputados na nossa região. É inconsequente!

Considero mais importante falar sobre os processos que condicionaram as propostas de candidaturas que os partidos apresentam aos eleitores no círculo eleitoral de Beja. 

E nesses processos destaca-se um elemento comum: a ausência de respeito pelas opiniões das estruturas de base, com imposições que tomam conta da participação de militantes partidários e da auscultação da sociedade.

Este modelo de escolha é contrário à natureza da democracia e reflecte ainda mais o espírito estalinista e autocrático das lideranças. 

Pode parecer de somenos importância e até perder-se a noção na espuma dos dias, mas de facto o que os partidos políticos estão a construir, destruindo a essência da política participativa, é um princípio perigoso, que esvazia as expectativas e enfraquece as ambições dos territórios e das populações.

Faço esta reflexão por preocupação com a instalação de um modelo político que acentua a ostracização da nossa região, porque já se sabe que a imposição não satisfaz o desempenho e o perfil essenciais ao compromisso. 

A imposição de candidatos esvazia os compromissos e alimenta unicamente o jogo do poder.

No Baixo Alentejo tornou-se comum lidar com o esquecimento e viver com a ilusão. E Viveremos daqui por diante com ainda mais fraqueza, com cada vez menos influência e sabendo que dizer que pouco contamos tornou-se insignificante perante o desrespeito com que afrontam a nossa dignidade e inteligência.

Façamos a reflexão!

Jorge Barnabé

Presidente do Observatório do Baixo Alentejo