Jorge Barnabé: Influência

Sucessivamente, ao longo dos anos, a nossa região perde cada vez mais influência no contexto de governação nacional.

Isso ficou uma vez mais demonstrado na organização do governo quer na sua estrutura quer na sua composição. Do Baixo Alentejo nem uma única figura escolhida e se quisermos alargar ao Alentejo também não. Mas se quisermos ainda ter em conta a dimensão de todo o sul do país, ninguém integra este governo. A exceção é Setúbal, que considero mais como parte da grande área metropolitana de Lisboa.

Não defendo que os governos sejam compostos com critérios regionais, mas a salvaguarda da representatividade territorial é fundamental para se compreender e agir na governação equilibrada, nas soluções assertivas.

Acredito que a nossa região tem gente capaz e competente, com experiência e visão para integrar um governo. O facto de isso não acontecer é um sinal grave e sério da incapacidade de gerar influência junto dos poderes centrais, partidários e institucionais.

Mas é também uma fragilidade da governação, porque afasta da discussão e da análise governativa as perspetivas particulares que entendem como funciona e reage o país para além dos grandes centros urbanos.

O Baixo Alentejo é hoje uma das regiões mais pujantes, com crescimento económico e de exportações, com aumento significativo da produção e ainda com o potencial de se tornar, no atual contexto, como a região determinante para a afirmação euro atlântica do posicionamento de Portugal.

O que a realidade nos diz é incontornável e é tão valioso como a exigência de estradas ou linhas ferroviárias. Porque o que nos torna fracos é a incapacidade de agir e de influenciar.

O que neste governo se revela é exatamente a ausência de influência de todo o sul de Portugal. É uma machadada nos princípios de descentralização e de coesão territorial tantas vezes evocada.

Jorge Barnabé

Presidente do Observatório do Baixo Alentejo