O “Nicolau dos Gelados”, como é conhecido na vila museu, tem 76 anos e contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que saiu de Mértola para vender os gelados que ele próprio produz. “O mais longe que fui foi a Viana do Alentejo, que já é concelho de Évora”, esclareceu.
Segundo a opinião dos amigos, “o homem tem olho para o negócio”.
No inverno vende castanhas assadas. Nos meses mais quentes comercializa gelados e água.
“Sei aproveitar as oportunidades”, diz com vaidade.
Apesar do dia cinzento de hoje e as ameaças de chuva “há sempre quem lhe apeteça um gelado”.
Entretanto chegaram mais dois clientes. Nicolau informa os jovens com frases preparadas. “Pastilha, amora e natas são os sabores que temos, meus meninos, hoje não há chocolate”.
Ainda os “meninos” não estavam atendidos chegam mais clientes. Todos com idades entre os 10 e 12 anos. Um deles talvez com 13, não mais.
“Peço desculpa mas agora não posso falar consigo”, diz-me, “tenho esta rapaziada para atender, justifica.
O homem franzino, com chapéu de palha na cabeça e voz simpática ficou concentrado nos gelados.
“Pastilha, amora e natas são os sabores que temos, meus meninos, hoje não há chocolate”.
Deixei o negócio fluir. Mesmo à entrada da Feira do Mel, Queijo e Pão, em Mértola.