Especialmente desde que iniciei o meu percurso “político”, tenho tido a oportunidade de reunir e conhecer com maior exatidão a realidade de vários projetos desportivos, nas mais variadas modalidades. Em primeiro lugar, quero salientar o papel brilhante de muitíssimas pessoas, que (na gigantesca maioria) voluntariamente, se propõem a erguer projetos desportivos, e fazem verdadeiros milagres. Alguns mesmo na cidade, outros nas freguesias rurais, usam uma enorme força de vontade, uns subsidiozinhos da câmara, e o coração de alguns patrocinadores para dar ao nosso concelho uma oferta desportiva tão vasta quanto possível.
Sendo isto altamente meritório, e no qual me revejo também nos “meus patins”, tenho hoje a consciência de que é tremendo, mas não chega. Não me refiro ao papel das pessoas/dirigentes/patrocinadores que dão parte das suas vidas. Mas sim, a quem as comanda, e não lhe traça um caminho. Nos últimos anos quantos atletas são nacionalmente reconhecidos por serem de Beja? Quantos atletas/clubes aparecem nas televisões, promovam Beja como uma referência e sejam um produto de marketing para o concelho? Há quantos anos isso não acontece? Falo com conhecimento de causa, que talento não nos falta. Temos tido alguns miúdos que têm ido às seleções nacionais ou ingressado numa equipa renomeada. Mas são eventos esporádicos. Que resultam do seu talento, dos seus treinadores e dirigentes. Não de um projeto.
Aconselho-vos a ir a Braga, Coimbra, Viseu (capitais de distrito). Ou então vão até Chaves, Guimarães, Ponte de Sor, Turquel ou Albufeira (não capitais de distrito). Não se trata de sermos do interior ou capital de distrito. Trata-se de existir um projeto, com uma visão estratégica, que aposte na vertente desportiva como uma montra para o resto do país. Que vá colocando o nome de Beja, e crie um espaço para a nossa população se reunir ao fim de semana, para os miúdos se entusiasmarem. Para sermos mais competitivos. Para crescermos.
Há modelos estratégicos para definir? Sim, claro. Na minha opinião, a câmara tem que olhar para o desporto com uma área que traga retorno. Tem de ser a principal impulsionadora. Escolhendo inicialmente uma modalidade que seja integrada na 1ª divisão (com investimento) com um projeto sustentado, influenciado também os outros a criar projetos similares. Não haverá dificuldades em atrair a comunidade local desde que exista visibilidade.
Esta discussão irá continuar, irei promovê-la com tanta força quanto possível, pois acredito que o desporto tem uma enorme importância social, mas pode ainda ser um importantíssimo mecanismo de atratividade e impulsionador da economia. Continuarei a ouvir clubes, associações, atletas, pais e dirigentes para conseguirmos estabelecer um caminho. Será que o atual executivo algum dia pensou assim? Estou cansado que em Beja se pense em desporto como uma atividade onde se gasta dinheiro.
Havemos de conseguir!
Nuno Palma Ferro
Vereador da Câmara Municipal de Beja – Coligação “Beja Consegue”