Vivemos numa época em que a liberdade deveria ser celebrada e defendida, mas na realidade, ela é, demasiadas vezes, temida e limitada. A sociedade de hoje impõe regras não declaradas sobre o que se pode ou não dizer. Sobre o que se pode ou não pensar ou expressar. Essa pressão por conformidade cria um ambiente de unanimismo, onde divergir do pensamento coletivo é visto como perigoso ou, no mínimo, arriscado.
Sinto que estamos cercados por um medo crescente de não estar alinhado com as ideias predominantes. A liberdade de pensamento e expressão, que deveria ser um pilar da democracia, é constantemente cerceada pelo receio de ofender, ser mal interpretado ou até mesmo anulado. Isso leva-nos a uma cultura onde todos pensam de forma semelhante. Não porque realmente concordam, mas porque têm medo das consequências de discordar. Sim, repito: medo das consequências de discordar.
Um exemplo: hoje, é comum ver humoristas fazerem piadas sobre a Igreja Católica, uma instituição que, embora ainda poderosa, é vista como um alvo seguro. Podemos criticar, enxovalhar, colocar preservativos no nariz do Papa e nada acontece. E bem. Porém, pergunto, quantos humoristas ousam fazer sketches sobre a religião Islâmica? Lembram-se do Charlie Hebdo? Pois, o risco é imenso. Portanto, este pequeno exemplo, entre muitos que podia dar, mostra uma sociedade com indignações seletivas, onde certas críticas são aceitáveis, e outras são imediatamente condenadas.
Esse ambiente sufocante, onde o medo da liberdade nos aprisiona, limita o debate, a criatividade e a própria evolução da sociedade. O desafio é encontrar um equilíbrio entre o respeito pelas diferenças e a defesa da liberdade de expressão, sem cair na armadilha do pensamento único e das indignações convenientes. Se não enfrentarmos esse medo, continuaremos presos numa sociedade onde a verdadeira liberdade será apenas uma ideia abstrata, temida e jamais alcançada.