Sou, como será do conhecimento de alguns, responsável por um dos maiores grupos portugueses de “intervenção cívica” no Facebook denominado “Contra a construção do Novo Aeroporto Montijo e a Favor do Aeroporto Beja” que conta, por esta altura, com 52 mil membros. Este grupo, muito diverso politicamente na sua constituição, permitiu, até esta altura, concluir que, por exemplo, exteriormente à região (e com exceção do conturbado PAN) nenhum Partido, a nível nacional, defende a utilização primordial do Aeroporto de Beja. Pelos argumentos e contributos apresentados, também se pode afirmar que o tema do Aeroporto, está na ordem do dia, com a esmagadora maioria dos intervenientes a defender (e, diga-se muito, justamente) que, para além da “componente indústria ou de manutenção” também toda a infraestrutura, preparada a construída para o efeito, possa assumir um papel complementar aos outros aeroportos nacionais com a utilização para tráfego de passageiros. Sabendo-se da dificuldade (de vária ordem) em assumir que a infraestrutura de Beja seja alternativa ao(s) Aeroporto(s) de Lisboa, parece-me, nesta altura, errado estar a excluir liminarmente a sua utilização de transporte de passageiros (nacional e internacionalmente falando) até porque…como já todos suspeitamos…a Aeronáutica vai ter grandes dificuldades nos tempos próximos, parecendo atá algo despropositado pensar-se num novo (e grande) aeroporto com todas as inerências da Pós-Pandemia. Volto a dizer, como já disse das outras vezes, o investimento aqui está feito e o que necessitaria de ser concluído (rodovia e ferrovia) não pode, nem deve ser justificado apenas pelo Aeroporto, mas sim como verdadeiro fator de coesão territorial e de reforço da competitividade regional.
Ao nível autárquico, em setembro ou outubro, avizinham-se eleições bastante sui generis: com as restrições da pandemia vão existir dificuldades acrescidas na própria campanha eleitoral, marcada também pelo facto de alguns Presidentes de Câmara Municipal que atingem o limite de mandatos não poderem recandidatar-se às atuais autarquias. A isso surge, acrescente-se, o aparecimento de novos Partidos radicais como o CHEGA que anunciou a vontade (?) de se candidatar a todas as Câmaras Municipais do País e uma coligação negativa do PSD/CDS que, afirmaram os seus responsáveis, um dos seus objetivos seria derrotar o PS. Nem projeto para as populações, nem para as regiões, apenas uma coisa: impedir que o Partido Socialista possa ganhar ou manter Câmaras Municipais. Nestes dois casos (CHEGA e PSD/CDS) parece que interessa pouco existirem projetos positivos…encaram-se estas eleições como…PURO desgaste do PS!
Toda a gente saberá avaliar isso na devida altura.
Esta coisa de não se importar de perder, mas impedir que o outro ganhe tem tido consequências muito negativas para a região e mesmo para o País! É pena que 45 anos depois das primeiras eleições autárquicas ainda se pense nisso dessa forma…contabilística!
Nesta semana veio “a lume” um estudo científico de dois anos, realizado pela EDIA, em que se afirma que “o olival está perfeitamente adaptado à região do Alqueva e sublinha tratar-se de uma cultura com baixas exigências hídricas” e ainda que o “olival moderno, com recurso a boas práticas, melhora a estrutura e aumenta a quantidade de matéria orgânica no solo”. Este estudo vem, de alguma forma confirmar o que vários peritos já tinham dito, isto é, que a “diabolização” que alguns sectores da nossa vida política e social, tinham feito do setor olivícola, tem um sentido mais emocional do que racional…
Não me interpretem mal. O olival não é a panaceia para o desenvolvimento da região, nem podemos, nem devemos defender a “monocultivação” da nossa área agrícola (nem isso está efetivamente a acontecer) nem o excesso de cultivo, mesmo às portas das nossas cidades, vilas e aldeias…mas também não será a raiz de todos os nossos problemas! Temos problemas com a industria de extração de bagaço? Claramente! e isso tem que ser resolvido de alguma forma, com recurso a meios mais limpos e mais toleráveis pelas nossas comunidades locais.
As empresas devem, como já defendo há bastante tempo, de se envolver DIRETAMENTE na vida social das nossas comunidades, contribuindo para o aumento do bem-estar e qualidade de vida da população. Devem assumir um papel fundamental de RESPONSABILIDADE SOCIAL, que infelizmente, também não o têm feito até agora…!
É um setor agrícola de grande importância que direta e indiretamente envolve dezenas de milhares de pessoas e que tem dado o seu contributo, também, para que a nossa região seja uma referência ao nível da qualidade mundial do produto que aqui é produzido e isso é algo que nos deve deixar orgulhosos…
A atitude demagógica de APENAS ser contra não resolve nada…
Podemos ser sempre contra qualquer coisa, desde que tenhamos alternativa a isso…ser contra só por ser contra…é algo condenado ao fracasso e isso…temos tido bastante na nossa História!
Aníbal Costa
Vice Presidente CCDRA