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Opinião: José Barriga

Opinião: José Barriga

 Socialista, sim ou não? Eis a questão – Parte 2

Passados 47 anos após a revolução de Abril 1974, que criou uma serie de ilusões de uma região altamente abandonada e esquecida pelo anterior regime político, a libertação estava confirmada, a esperança relançada.

Cedo se verificou que todo este otimismo viria a dar origem a uma série de conflitos políticos, em que o maior protagonista foi o Partido Comunista Português, reivindicando a revolução como sua enquanto protagonizou uma série de atropelos graves e atrocidades sem o mínimo de senso aquando da chegada da Democracia a Portugal. Percebeu-se rapidamente que as orientações emanadas pelo comité central do PCP não representavam o interesse da nossa região e cidade.

É fácil nunca ser culpado de nada do que de mal se passa, culpando sempre o poder central. Na verdade, o que o PCP defendia e ainda defende era uma grande região Alentejo vermelha, controlando 1/3 do país com o centro em Évora; sonho que se foi desvanecendo progressivamente com a perda de eleitores e influência eleitoral. Será que a culpa foi apenas dos governos centrais e não das estruturas locais que governaram e controlaram Beja durante 35 anos?

Aquando do processo de regionalização na altura de António Guterres, o Partido Socialista era o único que defendia uma região do Baixo Alentejo, propósito também rapidamente abandonado quando o processo de regionalização caiu. Mas temos de reconhecer que o único governo até então que deu algum protagonismo a Beja e à região, foi o governo socialista de António Guterres; com o lançamento efetivo do projeto de Alqueva, esteve ao lado da nossa região e da nossa cidade. Naturalmente que António Guterres cometeu alguns erros, sobretudo de liderança, e quando verificou que não conseguia controlar a avidez e ganância dos seus correligionários, abandonou a liderança do Partido. A sociedade o julgou e o Mundo o reconheceu.

Seguiu-se José Sócrates, personagem, altamente polémica e controversa da política portuguesa, sendo difícil de avaliar os seus interesses pessoais. O que é certo e inquestionável é que dinamizou e incentivou a reabilitação do Aeroporto de Beja e tinha em curso as obras do IP2 do IP8, que, sem sombra de dúvida, dariam outra visibilidade à cidade de Beja e à região.

O PSD sempre foi um partido com pouca expressão eleitoral em Beja e na região. Cavaco Silva nunca investiu ou se preocupou com a região. Durão Barroso e Santana Lopes foram pelo mesmo caminho. Por fim, no período pós-socrático com Passos Coelho, com as desculpas do colapso económico, com grave erro político e consequências severas para a região, decidiram suspender de imediato as obras do IP2 e IP8, tendo de pagar grandes indeminizações às empresas envolvidas, já com grande parte das obras realizadas e com as desapropriações das terras executadas. Foi realmente um golpe para a região. Relembro que nessa altura difícil continuavam as obras noutras regiões do País, com muito mais expressão eleitoral. Será que era só a falta de dinheiro? Ou a falta de um lobby político local importante a pressionar o governo central?

Finalmente, chegamos ao governo socialista de António Costa, que, em minha opinião, foi e é o pior governo de sempre para a região e para a cidade de Beja. Será que, em 6 anos de governação, António Costa apenas visitou oficialmente Beja numa ocasião, vindo apenas

algumas vezes em campanha eleitoral (apoio a Paulo Arsénio há 4 anos) com promessas não cumpridas? No que toca à abertura do troço da autoestrada até a Malhada Velha e reinício das obras do IP8, este apenas foi reaberto há 1 ano, 3 anos após o anúncio. 4 anos depois, as obras no IP8 ainda estão por fazer. Vem agora, em altura de campanha eleitoral, prometer a eletrificação da linha férrea Lisboa-Beja para 2028 e as obras da IP8. Será que vai cumprir as promessas? Duvido… Espero que a população do distrito e sobretudo do concelho dê uma resposta já nos próximos atos eleitorais a estas marionetas políticas locais que apoiam cegamente tudo o que António Costa faz ou diz. O verdadeiro cego não é quem não vê, é quem não quer ver.

António Costa passa pelo primeiro-ministro após 25 de Abril que realmente quis tirar Beja do mapa, o pior de sempre. É polémico, é grave, mas, infelizmente, é verdadeiro.

Há outros fatores que contribuem para o atraso e esquecimento a que a nossa região foi submetida. Na falta de criação de um lobby político importante da região, as culpas são múltiplas, são de todos, mas sobretudo dos políticos que nos têm representado. Os deputados eleitos têm demostrado uma falta de qualidade e independência, com raras exceções, porque a sua vida depende, na sua grande maioria, da atividade política para “sobreviver”. Alguns deles, nem da região são e cá foram colocados politicamente, sendo normalmente a voz do partido que representam. Os do PCP são a voz do comité central que os comanda totalmente, sem hipótese de contrapor qualquer opinião divergente. No partido socialista, atualmente, António Costa é o único inteligente. É ele que decide, manipula e tudo acontece como ele quer. No PSD, os últimos deputados eleitos nem de Beja eram.

É certo que os grupos organizados dos vários partidos políticos vão contrapor estas opiniões. Representantes locais dos grandes partidos políticos, em termos de blogues e comunicação social, com argumentos como “o Baixo Alentejo tem Alqueva, que é um investimento importantíssimo para a região e que beneficiou de dinheiro da comunidade e de todos os portugueses”. Mas a verdade da verdade, o que beneficiou a nossa cidade e o nosso concelho com tal investimento? Será que aumentámos demograficamente? O comércio melhorou? Houve mais investimento em infraestruturas? Houve incentivo à indústria transformadora em Beja? Como é possível que, com toda esta riqueza gerada na região, contribuindo para o PIB Nacional com mais de 100M€ anuais de superavit, os políticos continuem a ignorar e a insistir em retirar Beja do mapa e do caminho do desenvolvimento?

Já percebemos que apesar de António Costa considerar que em Beja tudo é submisso como os seus correligionários do partido, ainda há massa critica a pensar e todos nós sabemos que as obras do IP8 e a eletrificação da linha férrea Lisboa-Beja não ficaram por fazer apenas por falta de dinheiro, mas sim por opção política. Com essas obras feitas, como justificaria António Costa, o novo aeroporto no Montijo (a sua opção) quando o aeroporto de Beja está praticamente concluído e poderia ser alternativa a Lisboa e a Faro, que estão completamente saturados?

O certo é que nossa cidade de Beja há 45 anos, quando eu era estudante no Liceu de Beja, era uma pequena metrópole, com pessoas a deambular pelas ruas. O que eram as Portas de Mértola? Foi um declínio progressivo desde a revolução. É triste ver hoje o centro da minha cidade completamente deserta. É lindo ver todos estes intervenientes políticos dos vários partidos a defender, a dizer que “agora é que vai ser”, quando todos sabemos que a regressão é progressiva e inevitável. O único interesse destes intervenientes é no voto, não em resolver

as questões das pessoas. Inquestionável é que Beja não é a mesma metrópole que era há 45 anos atrás. Há de certeza culpados. Quem serão?

Anunciado pela comunicação social, a apresentação da lista de candidatos pelo PS, iria decorrer a nível nacional em 5 regiões do País, com a presença do Secretário-Geral, António Costa. Naturalmente a apresentação dos eleitos socialistas pelos distritos do Alentejo iriam decorrer em Évora, com a regionalização feita à medida de António Costa. Como foi suspenso ou adiado o respetivo ato político por motivos de pandemia, vem agora o atual Presidente da Câmara Paulo Arsénio afirmar que não aceitaria ser apresentado em Évora.

Quem acredita nestas afirmações de Paulo Arsénio? Seria a primeira vez em 4 anos que não obedeceria a uma diretiva do seu chefe supremo, António Costa. Lá teríamos que ver Paulo Arsénio e toda a sua carneirada política sem sequer questionar o respetivo ato, como é habitual, na dita apresentação. No entanto, o que conta é a intenção e, em minha opinião, a intenção é clara: subjugar Beja a Évora. Onde estão os socialistas defensores do Baixo Alentejo e de Beja, que foi a bandeira levantada pelo PS durante muitos anos? É o que temos.

José Barriga

Médico

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Farmácia de serviço hoje na cidade de Beja

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