25 de Abril e 1º de Maio são as datas que nestes dias me assaltam a memória.
Não poderia por isso deixar de lembrá-los, e, evocar ainda que de forma muito breve, a historia e a participação dos homens e mulheres, que do Alentejo sofrido emergiram, empunhando as bandeiras da liberdade e da democracia.
Foram construtores audazes das suas vidas. Lutaram de cabeça erguida contra a exploração do trabalho de sol a sol, dos salários de miséria, pelo direito á greve. Lutaram pela construção de escolas e pelo direitoa assistencia médica condigna, por uma habitação decente, pelo direito à água que carregavam em cântaros, pelos direitos das mulheres e contra o analfabetismo.
Não esqueceram os seus mártires assassinados ás mãos da PIDE e da GNR, cujo sìmbolo maior é Catarina Eufémia.
Não esqueceram que dependia deles e só deles a transformação social sabendo que tal só seria possivel em confronto com os seus opressores.
Sinto orgulho por tudo o que foi feito, mas não posso deixar de exaltar a necessidade de continuar trilhando novos caminhos de luta para continuar o muito que há por fazer.
Os novos donos da terra que transformam em culturas intensivas e superintensivas o território e cercam as aldeias; o plástico das estufas que proliferam até perder de vista; as industrias que poluem cidades e aldeias; a utilização da água sem regras; o trabalho escravo, têm que ser confrontados e a exigencia ao poder central e localé a que se coloque ao lado das populações.Guetos como o bairro das Pedreiras, em Beja, onde vivem centenas de pessoas em situações degradantes, são indignos do Portugal de Abril.
As forças populistas ou fascistas que ressurgem espanhando ideias xenofobas e racistas, devem alertar-nos e mobilizar-nos para a defesa intransigente da democracia.
Hoje como ontem temos o dever de sair á rua que nos pertence e em conjunto gritar: Fascismo nunca mais, contra o discurso do ódio, contra todas as formas de discriminação.
Por todas as cores, mas sobretudo por aquela cor que no Alentejo bem conhecemos, a dela, a da Liberdade!
Mariana Aiveca
Ex deputada do Bloco de Esquerda