Opinião: Nuno Palma Ferro

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Ressignificar a palavra “Interior”

A versatilidade que se pode associar à palavra interior é deveras interessante. A conotação que lhe podemos aplicar conforme contexto é bastante contraditória. Se quando falamos do interior deuma pessoa lhe aplicamos uma importância substancial, quando se fala do interior do país, este tem vindo a ser ignorado e etiquetado como irrelevante.

O mais grave desta divergência conceptual é que nós, enquanto habitantes do interior, temos estado resignados a esta deterioração e o rumo (ou falta dele) que nos tem orientado até aqui, tem sido, sem margem de dúvida, inconsequente.

Há alguns presságios que apontam para uma necessidade de mudança, desde os elevados números de abstenção dos últimos anos aos resultados das últimas presidenciais, os quais revelam que este duopólio político que nos tem (des)governado na cidade Beja, tem causado um desgaste que classifico como sufocante.

É importante ressalvar de que nem tudo é mau. Contudo, existe a obrigação de se fazer mais e melhor. A decadência das instituições públicas e formas de transporte, a incapacidade de fixação de talento e consequente (e)migração dos nossos jovens e a falta de criatividade para a expansão dos setores secundário e terciário são só alguns dos insucessos dos programas governativos até então.

Tudo isto torna Beja um meio mais fechado e de fronteiras cada vez mais vincadas que atribuem ao significado de interior uma sensação de isolamento. Admito que a dificuldade e desafios que temos de enfrentar nestes momentos sejam muito relevantes, mas as mesmas soluções conduzem às mesmas consequências.

Mais do que entrar em demonstrações de força políticas de qualquer cor, sejam elas vermelhas ou azuis, têm que ser encontradas soluções que permitam que a palavra interior seja no seu significado, e independentemente do contexto, algo positivo e relevante. É este o caminho para Beja.

Nuno Palma Ferro 

Professor do Agrupamento de Escolas Nº 2 de Beja