Opinião: Vitor Picado

O presente mandato do PS, em termos de obra efetivamente realizada, tem sido “paupérrimo”, não fugindo a esta regra as obras de requalificação de vias e arruamentos, apesar de ter tido condições favoráveis, destacando-se a disponibilidade de uma central de massas asfálticas (que inicialmente procuraram desvalorizar e até vender). No entanto, o sentido eleitoralista começa a estar bem patente, numa tentativa de ofuscar a inação de três anos, considerados perdidos. Mas a inação, a raiar em diversos casos a inépcia e a subserviência político institucional deste executivo, está bem patente na incapacidade de afirmação do Concelho, particularmente da cidade, no plano regional e nacional. O estado de degradação a que a “estrada para Beringel”, acessibilidade do IP8, chegou, é disso um exemplo. Mas que defesa do “Centro do Sul” é esta quando não foram dados passos significativos de ordem reivindicativa para defender, nas instâncias adequadas, os interesses de Beja.

A inação traduz-se igualmente na falta de liderança institucional, sendo o desrespeito do Plano Diretor Municipal de Beja uma clara evidência do estado a que a Câmara Municipal chegou. Em causa está a ocupação indevida de muitos hectares por culturas intensivas em espaços impróprios, nomeadamente a instalação recente de olivais nas proximidades de zonas residenciais em desconformidade legal com o regulamento do PDM de Beja. O Executivo camarário não pode evocar o desconhecimento dessas situações, tanto mais que grupos políticos e organizações de cidadãos fizeram chegar, por diversas vezes, informações e preocupações concretas sobre essas matérias, sendo extraordinária a forma incuriosa, ao não aferir a respetiva legalidade envolvida, como este executivo está a tratar questões que são de extrema importância para a qualidade de vida e do ambiente no Concelho.  

A falta de estratégia constitui outra marca da gestão deste Executivo de maioria PS, ainda mais visível em tempos de crise. É notório o sentimento geral que a população tem de falta de rumo para a cidade e para o Concelho, em que as ideias brilhantes de um executivo se traduzem em meras evocações de coisas de gestão corrente, revelando uma total pobreza de ideias e incapacidade de lidar com os desafios futuros de desenvolvimento, porque simplesmente se ignoram. Mas, há um outro lado mais obscuro da atuação deste executivo que importa referir, relacionado com o desrespeito e falta de consideração pela oposição, em que de modo recorrente não informa nem esclarece as questões levantadas, “esconde” processos e projetos dos vereadores em regime de não permanência e não informa acerca de questões e iniciativas de carácter publico, situação esta que não credibiliza o estatuto de eleito com responsabilidades no executivo municipal, nem serve para estabelecer uma relação de confiança da administração com os munícipes.

Beja, 15 de março de 2021

Vitor Picado – Vereador da CDU na Câmara Municipal de Beja