No final do passado mês de janeiro, o Centro Distrital de Segurança Social de Beja processou 4018 prestações de desemprego, um aumento de 52 por cento comparativamente com janeiro de 2020. No espaço de um ano, há mais 1381 pessoas a receber subsídio de desemprego no distrito de Beja.
Estes dados, quando cruzados com os do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) “destapam” problemas mais graves.
De acordo com o IEFP, em janeiro de 2021 havia 7136 pessoas do distrito de Beja inscritas nos centros de emprego. O que significa que 44 por cento dos desempregos na região não está a receber subsídio de desemprego.
Entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, o número de inscritos nos centros de emprego do Alentejo sofreu um agravamento de 18 por cento, tendo ficado sem trabalho mais 2825 pessoas. Nos serviços do IEFP estão agora inscritos 18426 trabalhadores.
Mas não podemos “deitar as culpas” só à pandemia. Maria da Fé Carvalho, coordenadora da União dos Sindicatos do Distrito de Beja, garante que o agravamento dos números do desemprego na região deve-se em grande parte à pandemia, “mas não decorrem só da pandemia”. “Estes valores”, assegura, refletem “um conjunto de políticas que têm sido levadas a cabo pelos sucessivos governos e que tem originado um desinvestimento no interior. Há uma desproteção dos trabalhadores, que leva a que facilmente sejam despedidos e que se verifique esta realidade na região”.
Segundo Maria da Fé Carvalho, a realidade “é muito pior [do que os números oficiais]” pois “há pessoas que já terminaram o tempo de inscrição no IEFP e que não conseguiram emprego, e há outras pessoas que estão a trabalhar, mas que devido aos seus contratos precários de trabalho, quando são despedidos não lhes é permitida a inscrição nos centros de emprego”.
A coordenadora da União de Sindicatos critica, ainda, a forma generalizada como têm sido atribuídos pelo Governo os apoios às empresas: “Deveriam ser dados às que realmente necessitam e verificamos, a nível nacional, que existem empresa que têm grandes lucros e que estão a ser ajudadas pelo Estado, e depois existem pequenas e médias empresas a reclamar que ainda não lhes chegaram nenhuns apoios”.