A denúncia chegou ao PCP através de um familiar do doente.
Nas questões endereçadas ao Ministério da Saúde, os comunistas querem saber se é confirmada a permanência do doente durante seis dias no corredor e por que razão não foi encontrada uma solução de internamento. O Grupo Parlamentar questiona ainda se as camas de internamento destinadas a doentes oncológicos encerradas nos últimos anos não seriam, afinal, necessárias e o que está a ser feito para evitar novas situações desta natureza.
João Ramos, deputado do PCP eleito pelo círculo de Beja, classifica a situação de “desumana” e “inadmissível”.
Num esclarecimento enviado à Rádio Pax, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) refere que “há instruções claras da Direção Clínica Hospitalar para o internamento destes doentes, nos diferentes Serviços do Hospital”.
A administração admite que “não é portanto regular o tempo de permanência no Serviço de Urgência havendo capacidade de internamento nos Serviços atualmente existentes no HJJF [Hospital José Joaquim Fernandes”].
O Conselho de Administração anuncia que decidiu “instaurar um processo de inquérito” para apurar as razões da permanência do doente no Serviço de Urgência e “se foram cumpridos os procedimentos habituais de referenciação para o internamento”.
ESCLARECIMENTO
ASSUNTO: RESPOSTA A PERGUNTA DO GRUPO PARLAMENTAR DO PCP DE 13/02/2015 Doente no corredor da urgência do Hospital de Beja durante seis dias
1. O doente a quem se reporta a pergunta foi admitido no dia 3 de Fevereiro no Serviço de Urgência Médico Cirúrgico da ULSBA, sito no Hospital José Joaquim Fernandes em Beja (HJJF).
Trata-se de um doente oncológico com necessidade de cuidados paliativos.
Desde o dia da entrada, até ao dia 7 de Fevereiro, esteve em observação na sala de macas, tendo sido efetuados todos os exames para esclarecimento da sua situação clínica.
Do dia 7 de Fevereiro ao dia 13 de Fevereiro permaneceu na sala de observações do mesmo Serviço onde lhe foi instituída terapêutica e orientado para radioterapia no Hospital de Évora, tendo efetuado, desde o dia 9 de Fevereiro até ao dia 13 de Fevereiro, sessões diárias de radioterapia.
Desde o dia 13 de Fevereiro está internado no Serviço de Ortopedia.
Cumpriu a sua última sessão de radioterapia no dia 16 de Fevereiro.
Foi devidamente orientado pela Equipa de Gestão de Altas para a rede de Cuidados Paliativos.
O tempo de permanência no Hospital, para além de esclarecimento da sua situação clinica, contribuiu sobretudo para facilitar os seus tratamentos (residente em Mértola) e preparar a sua referenciação para a rede de Cuidados Paliativos.
No entanto, há instruções claras da Direção Clínica Hospitalar para o internamento destes doentes, nos diferentes Serviços do Hospital.
Não é portanto regular o tempo de permanência no Serviço de Urgência havendo capacidade de internamento nos Serviços atualmente existentes no HJJF.
Neste contexto, decidiu o Conselho de Administração instaurar um processo de inquérito para apurar as razões da sua permanência no Serviço de Urgência e se foram cumpridos os procedimentos habituais de referenciação para o internamento.
2. Nunca existiu no HJJF/Beja um Serviço de internamento de Oncologia nem um Serviço de Cuidados Paliativos.
Relativamente aos doentes oncológicos, nas suas várias fases de doença, existe no HJJF/Beja, capacidade de internamento em todos os Serviços considerando as suas patologias de base.
Por outro lado, é dada primordial importância a articulação essencial com a Rede de Cuidados Integrados e as equipas de Cuidados Paliativos (hospitalar e comunitária).
Pretende-se agilizar e facilitar o percurso do doente oncológico nas diversas fases do seu tratamento, assegurando a continuidade dos seus cuidados, nomeadamente, com o objetivo de dar o melhor tratamento aos doentes.
Do ponto de vista técnico, a ULSBA tem as condições necessárias e adequadas ao tratamento dos doentes oncológicos, que sempre tratou e continua a tratar, nomeadamente capacidade cirúrgica para determinadas patologias cirúrgicas, um Hospital de Dia onde os doentes cumprem o seu plano de quimioterapia e tem capacidade para todos os doentes que cumpram os critérios específicos de internamento em todos os Serviços do Hospital.
No caso de existência de condicionantes técnicas ou humanas que determinem a orientação dos doentes para outras Instituições, os doentes são devidamente referenciados.
Mais se informa, que a ULSBA dispõe de 3 Equipas especificas para suporte em Cuidados Paliativos no domicílio, 1 sedeada em Beja que presta apoio a doentes e famílias de 10 Concelhos, 1 equipa em Mértola e 1 equipa para Moura e Barrancos.
Recentemente foi nomeada a Comissão de Cuidados Paliativos Intra-Hospitalar, constituída por uma Médica Internista e uma Enfermeira especialista a tempo inteiro, que irão reforçar o trabalho junto dos doentes que carecem de cuidados paliativos.
O Conselho de Administração