“Grande parte” das peças de arte sacra da Diocese de Beja que estavam desaparecidas foram encontradas na Igreja de Santiago do Cacém.
As peças pertencentes ao Seminário de Beja estavam depositadas nesse local há vários anos, e só agora foram encontradas. O espaço esteve fechado bastante tempo, devido a um processo judicial “que tinha a ver com indemnizações a uma empregada, lá colocada na altura, pelo DPHA- Departamento do Património Histórico e Artístico”.
D. João Marcos, Bispo de Beja disse à Rádio Pax que as paróquias e o seminário “pediam a devolução das peças”, mas que isso “raramente acontecia”.
O Bispo considerou que ainda existem mais peças que “não se sabe onde estão”. Em seu entender, este assunto não está “todo esmiuçado”.
Questionado sobre o motivo pela qual nunca foi apresentada queixa ao Ministério Público ou à Polícia Judiciária, D. João Marcos explicou “que na altura, José António Falcão, antigo diretor de Departamento, não deu seguimento [a esse assunto]. O que é certo é que o DPHA foi extinto em 2017. Passados três anos não foi feita qualquer denuncia.
Em declarações, à Rádio Pax, a 13 de julho, José António Falcão, garantiu que “quando terminavam as exposições temporárias, as peças eram devolvidas à sua proveniência” com exceção de alguns casos em que “os responsáveis das paróquias ou da Diocese consideravam que não havia condições de segurança ou de conservação para regressar logo aos locais de origem”.
Nessas situações, as peças “ficavam nos museus da Diocese, no Seminário ou na Casa Episcopal”.
Quando cessou funções, no DPHA, em 2016, José António Falcão recorda-se que “havia peças entregues para exibição, que não tinham ainda sido devolvidas à origem e que se encontravam no Museu Episcopal de Beja, no Museu de Arte Sacra de Santiago do Cacém, no Museu de Arte Sacra de Moura, na Igreja de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, no Seminário Diocesano e na Casa Episcopal de Beja”.
Falcão disse ter entregue um “relatório e lista de peças inventariadas, que foram confirmadas pela Diocese”.
D. João Marcos confirmou esse documento, entregue “depois da extinção do DPHA” e alertou também para o facto de esse inventário ter sido “assinado por um padre idoso, que confiava em José António Falcão”.
D. João Marcos garantiu que esse documento “é falso” e que “foi assinado inadvertidamente”.
Entretanto, a pergunta que se impõe continua sem resposta: onde estão as restantes peças de Arte Sacra da Diocese de Beja?