Todos os doentes em diálise e os médicos e enfermeiros que os acompanham foram vacinados em três dias contra a covid-19, o que contribuiu para uma “descida muito significativa” da mortalidade destes pacientes, segundo a Sociedade Portuguesa de Nefrologia.
Passados 15 dias após a primeira vacinação, observou-se logo uma “descida muito significativa da mortalidade” dos doentes renais crónicos em diálise, disse o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN).
Aníbal Ferreira reconheceu que esta população foi “extremamente atingida” no que respeita aos internamentos, à morbilidade e à mortalidade associada ao covid-19, sobretudo, depois do Natal e em janeiro.
“Nas duas últimas semanas de janeiro observou-se 20% de toda a mortalidade por covid-19 nos doentes em hemodiálise e só na última semana de janeiro ultrapassou 10%”, elucidou.
Uma situação que mostra como o país estava numa fase de “crescimento geométrico descontrolado da mortalidade”, o que também se verificava na população em geral.
“Foi a fase de grande rutura dos serviços, mas não nos cansámos de alertar as autoridades competentes e mesmo através dos Media de que estes doentes pelo facto de implicaram fazer hemodiálise, e em muitos casos serem ventilados, tinham dependência de uma dupla prótese, o que lhes colocava grandes dificuldades nos internamentos nas Unidades de Cuidados Intensivos”, sublinhou.
Para Aníbal Ferreira, foi “uma grande vitória” ter sido possível vacinar em três dias “todos os doentes em diálise e todos os médicos e enfermeiros que ainda não estavam vacinados e passado três semanas repetir exatamente o mesmo processo”
Foram mais de 19 mil pessoas vacinadas sem registo de qualquer incidente, disse, realçando que “é das poucas patologias que tem todos os seus doentes vacinados desde a primeira semana de fevereiro”, um processo que resultou da conjugação de esforços de todas as entidades públicas e privadas que tratam estes doentes.
Realçou que foi “claramente assumido” desde o início da pandemia que esta era a população mais vulnerável e a “mais prioritária” dentro dos prioritários por estarem em unidades com outros doentes e não poderem confinar, porque têm de se deslocar para ir fazer o tratamento três vezes por semana, além de serem transportados com outros doentes.
A pandemia também se refletiu no número de transplantes, que segundo Aníbal Ferreira, teve “uma queda enorme” em 2020, estimada em cerca de 50% a nível nacional.
Rádio Pax/ Lusa