“Um carro sem maca não faz socorro”, alertam bombeiros do distrito

“Um carro sem maca não faz socorro”, alertam bombeiros do distrito

A pandemia da Covid-19 não está só a causar a rotura dos hospitais do país. Está também, a “atrapalhar” o trabalho dos bombeiros, que chegam a ter de regressar ao quartel sem as macas.

“Hoje em dia é recorrente chegar a um hospital e os doentes começarem a ser atendidos dentro da ambulância”. Outra situação que se tem verificado é o facto de “as ambulâncias regressarem ao quartel sem maca”, começa por explicar Rodeia Machado, vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Na semana passada, os bombeiros de Beja chegaram a ter “sete macas no hospital”, lamenta.

O comandante dos Bombeiros de Beja, Pedro Barahona, que neste momento enfrenta um surto no seu quartel, com 15 operacionais infetados e outros nove em isolamento profilático salienta que apesar de estar a “funcionar com muito pouca gente, para aquilo que é o volume de trabalho que existe diariamente, continua a dar resposta ao socorro:  isso não está posto em causa, nem nunca esteve”.

Desde o início da pandemia que tem existido um “acréscimo de serviços via CODU/ INEM”. Pedro Barahona diz compreender que “os hospitais estejam a entrar numa situação de pré- rotura, mas é também um constrangimento que nos afeta diretamente, uma vez que as macas ficam retidas. Não basta termos poucos meios humanos, como também temos pouco meios materiais para dar resposta às ocorrências”.

“A situação está muito complicada”, diz José Galinha, comandante da corporação de Cuba. “Leva-se muito tempo a entregar os doentes e esperasse muito tempo pelas macas, que ficam retidas no hospital horas e horas. Deixamos de ter capacidade porque ainda ficam quase um dia com as nossas macas”, explica.

Ourique vive uma situação semelhante: “chego a ter carros em Beja durante cerca de dez horas. No domingo dia 17 de janeiro, chegou um carro às 18 horas, ao Hospital de Beja, a maca foi devolvida na segunda-feira de manhã”, salienta o comandante Mário Batista.

“Chego a ter carros de emergência parados à porta do hospital de Beja por falta de macas. Nós compreendemos” que existe falta de material, “mas também têm de compreender a nossa parte porque podemos estar a comprometer o socorro. Um carro sem maca não faz socorro”, alerta.

Nos primeiros 15 dias de janeiros, as ocorrências via CODU disparam para aquilo que é o “numero habitual realizado mensalmente”.

Carlos Encarnação, comandante da Associação Humanitária de Bombeiros de Moura explica que todos os dias vão ambulâncias de emergência para o hospital de Beja que ficam com as macas retidas. Só nos devolvem uma serie de horas depois ou no dia a seguir. Os carros regressam ao quartel sem maca”.

Em Moura existem três bombeiros infetados e três em isolamento profilático.

“Estás a tornar-se complicado”, alerta Jorge Santos, comandante de Mértola. “Existem alturas em que se houver uma ocorrência, tenho três ambulâncias no quartel sem maca. Há casos em que a maca fica presa no hospital dois e três dias”

Em relação às ocorrências, também, em Mértola houve um aumento de 50 a 60 por centro do número de serviços CODU”. A dia 19 de janeiro já tinham sido feitos “74 serviços via INEM, quando a média mensal é de 70 a 80” solicitações.

Em Odemira, no litoral alentejano a realidade é diferente. O comandante Luís Oliveira explica que tem “todo o corpo ativo funcional, sem ninguém infetado, nem em isolamento profilático”.

“Em termos hospitalares, nós trabalhamos com a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, em Santigo do Cacém, e até agora, nesse aspeto não temos razão de queixa, porque o tempo de espera é o essencial para que possa ser feita a triagem ao doente. Não há equipamento retido. É devolvido em tempo útil”, ao contrário do que está a acontecer nas outras partes do país”.

“OS BOMBEIROS TAMBÉM ESTÃO NA LINHA DA FRENTE”

A Liga dos Bombeiros Portugueses tem “recorrentemente defendido” que os bombeiros também têm de ser vacinados, tal como os profissionais de saúde, porque tal como “os médios e enfermeiros, também, os bombeiros estão na linha da frente” no combate à covid-19. São esses homens e mulher que fazem o transporte dos doentes positivos”, diz Rodeia Machado.

O vice-presidente da Liga defende “que esta situação devia preocupar o Ministério da Saúde. Para já não há data possível para o avanço da vacinação, mas sabemos que existe a possibilidade de os bombeiros começarem a ser vacinados na segunda semana de fevereiro”. 

A opinião é também partilhada por Pedro Barahona, comandante dos bombeiros de Beja: “Os bombeiros estão no grupo prioritário, mas até à data não sabemos planos, não sabemos nada”. Os surtos que têm existido nos quarteis devem “servir de alerta para os nossos governantes tenham uma visão e um olhar diferente para sobre os “soldados da paz.

“Compreendemos perfeitamente a prioridade dos profissionais de saúde, que estão na linha da frente, mas às vezes esquecem-se que nós estamos à frente dessa linha da frente, porque os doentes/ utentes só chegam aos hospitais porque nós os transportamos”. Neste momento, “estamos a trabalhar tipo trapezistas sem rede”.

O comandante deixa o apelo para que “se faça um plano de vacinação para os bombeiros e que seja o mais célere possível”.

Carlos Encarnação, comandante dos bombeiros de Moura entende que os bombeiros “já deviam ter sido vacinados. Os médicos e enfermeiros estão na linha da frente, mas à frente dessa linha ainda estão os bombeiros, porque nós é que transportamos o doente covid positivo para o hospital”.

Também, o comandante de Odemira, Luís Oliveira considera que a vacinação deveria ter contornos diferentes porque “quando se fala que os profissionais de saúde estão na linha da frente, sem dúvida que estão, mas nós também estamos, somos nós que damos a primeira resposta a potenciais casos de covid-19”.

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Farmácia de serviço hoje na cidade de Beja

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