O Serviço de Urgência de Cirurgia do Hospital de Beja encontra-se em “perigo de encerrar”, afirma em comunicado o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
De acordo com o sindicato, “as equipes de cirurgia estão a funcionar abaixo dos mínimos de segurança para os cidadãos e médicos”. Estes clínicos estão exaustos porque “já ultrapassaram há muito as 150 horas de trabalho extraordinário o que é agravado pela pandemia e pela idade dos médicos”.
O SIM acrescenta que dos 6 chefes de equipa 4 têm mais de 50 anos e 2 mais de 55 anos. “Os médicos com essa idade já não são obrigados a fazer serviço de urgência e só a sua dedicação é que os motiva”, acrescenta.
A estrutura sindical lança críticas ao Conselho de Administração do Hospital de Beja afirmando que se tem “mantido insensível e incapaz de resolver o problema”.
O SIM aconselhou ainda os seus associados a apresentarem minutas de escusa de responsabilidade.
É urgente que o a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) contrate médicos, de outra forma “a urgência terá de encerrar e referenciar os doentes para os também sobrecarregados hospitais da região”, conclui o SIM.
Em declarações à agência LUSA, Conceição Margalha, presidente do concelho de administração da ULSBA diz “não ser verdade” que as equipas estão a funcionar “abaixo dos mínimos de segurança”.
Conceição Margalha revela que “o que acontece é que há dias, que são pontuais e raros, em que não há o terceiro cirurgião de serviço numa equipa – o de urgência interna -, mas é algo que acontece pontualmente” e explica que a lei obriga a que cada equipa de cirurgia de urgência tenha três cirurgiões.
A presidente do concelho de administração da ULSBA diz que a equipa de cirurgiões do Serviço de Cirurgia do hospital de Beja “é envelhecida”, mas que “tem respondido às necessidades da população”.
“Não tem havido problemas” e “até ao momento, não se colocou a questão” de encerrar aquele serviço, frisa.
De acordo com a LUSA, Conceição Margalha diz “não poder garantir que no futuro seja igual”.
“Se os médicos [daquele serviço] com mais de 50 ou 55 anos se recusarem a fazer urgência, como a lei lhes permite, teremos esse problema, mas, neste momento, não temos”, acrescenta.
“Os médicos com mais de 55 anos não são obrigados a fazer urgência, mas, até ao momento, têm-se dedicado ao serviço e pautado pelo não encerramento [da cirurgia no serviço de urgência] e por responder às necessidades da população.”
Segundo aquela agência noticiosa, com os dois próximos concursos de contração, um a decorrer e outro para lançar brevemente, a presidente do concelho de administração da ULSBA diz ter “esperança que entrem novos profissionais que venham melhorar as condições de trabalho existentes”.
Conceição Margalha afirma, ainda, que a ULSBA tem feito “todos os esforços para contratar médicos, exemplo disso são os vários concursos que têm sido abertos para trazer pessoas novas para as equipas”, no entanto “sem sucesso”, e “muitos dos internos não ficam no hospital de Beja depois de terminarem a formação de especialidade”.
“A dificuldade em contratar médicos não é só da ULSBA, várias instituições de saúde do interior do país debatem-se com este grande problema e com a carência de recursos humanos e fazemos o nosso melhor para responder às populações e, realmente, é à custa da sobrecarga dos profissionais e da sua dedicação aos serviços”, frisa.