Vítor Silva: A classe média está a desaparecer?

A OCDE é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que agrupa 36 dos países mais desenvolvidos do mundo, a maioria europeus, entre os quais Portugal, e que têm regimes de democracia partidária.
Publicou agora a OCDE um estudo sobre a classe média nesses países e concluiu que nos últimos 30 anos a proporção de elementos da classe média no conjunto da população diminuiu de 64 para 61% e que a tendência é para que essa diminuição continue.
Além disso o estudo informa que uma em cada cinco famílias da classe média gasta mais do que ganha, o que leva ao seu progressivo endividamento.Segundo a OCDE vários factores contribuíram para isso, essencialmente a degradação dos salários relativamente aos preços e uma brutal subida do preço da habitação, seja para comprar seja para arrendar.
A degradação da qualidade de vida da classe média não tem favorecido as classes mais baixas, mas sim os mais ricos que cada vez acumulam nas suas mãosmaior percentagem da riqueza produzida.
A progressiva desaparição da classe média, a manter-se, trará resultados catastróficos para a economia, pois é essa classe que é responsável por grande parte do consumo e através disso estimula o investimento. É também ela que contribui com uma grande fatia para os impostos.
Mas também do ponto de vista social e cultural as sociedades destes países não seriam o que são sem a classe média. E mesmo do ponto de vista político podemos constatar que não existe uma única democracia política partidária no mundo sem a existência de uma classe média pujante. Todos os regimes políticos onde não existe classe média ou ela é fraca e pouco numerosa,são ditaduras.