Vitor Sílva: A seca

Portugal está a viver uma situação de seca extrema. A situação de tragédia que se abateu sobre o nosso país durante este Verão e princípio de Outono, foi em grande parte provocada pela seca.
E se o país está nesta situação, o Alentejo, que a par do Algarve é a região onde menos chove, ainda está pior. Já vieram os agricultores do Baixo Alentejo alertar para o facto das culturas de Outono e de Inverno estarem atrasadas. E se, entretanto, não chover em quantidade suficiente, poderão estar comprometidas. Sem chuva não haverá pastagens para o gado e este terá que ser alimentado a rações, o que representará um custo acrescido para os respectivos produtores. Salvar-se-ão as culturas de regadio, enquanto as barragens e albufeiras tiverem água. Água que aí também vai escasseando dramaticamente.
Por que está isto a acontecer? Não existe consenso na comunidade científica, mas a maioria defende que estamos a assistir a uma acelerada alteração climática, em grande parte, senão mesmo na totalidade, provocada pelo ser humano, através da libertação de gases com efeito de estufapara a atmosfera. Seria esse efeito de estufa, que provocaria o aumento generalizado da temperatura média em todo o planeta, o derreter dos gelos dos polos, o aumento do número e da intensidade dos tufões.
Segundo essas previsões, e no que ao nosso país respeita, sendo um país costeiro, o derreter dos gelos dos polos com a consequente subida do nível do mar, levaria a que grande parte da costa fosse inundada. Por outro lado, a diminuição da chuva teria efeitos catastróficos no sul da Península Ibérica, com a extensão do deserto do norte de África para este território. Grande parte do Alentejo passaria a ser deserto. Todas estas previsões, a concretizarem-se, tornariam o que restasse de Portugal num território miserável.
Esperemos que estas previsões estejam erradas ou pelos menos que ocorram tão lentamente que seja possível adaptarmo-nos a elas. Ou melhor ainda, que se for a acção humana a causa desta alteração climática, por uma acção inversa corrijamos o que está mal.
De qualquer modo há uma lição a tirar daqui: é que as forças da natureza são muito mais poderosas que os nossos desejos.