Vítor Silva: Esperar sentado

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Por razões pessoais e profissionais percorro com muita frequência, às vezes mais que uma vez por semana, a estrada entre Beja e Lisboa.
A minha idade permite-me ter conhecido grande parte da sua história, mas desde que ficou concluída a autoestrada entre Lisboa e o Algarve a questão que passou a interessar-nos foi o saber se haveria ou não uma ligação entre o nó de Grândola e Beja, também em autoestrada. Essa questão tornou-se ainda mais pertinente com a viabilização para utilização civil da Base Aérea, o chamado Aeroporto de Beja.
Ainda no governo Sócrates começaram as obras de terraplanagem, mas com o governo Passos Coelho e a intervenção da Troika parou tudo. Já com este governo voltaram as obras e entre o nó de Grândola e por um percurso de cerca de quinze quilómetros construiu-se um troço de autoestrada, que estou para perceber por que razão ainda não foi inaugurado. Mesmo assim, Beja ficará a quarenta quilómetros de uma autoestrada e para lá chegar terão de se atravessar duas localidades, Beringel e Figueira de Cavaleiros, o que nos tempos que correm é inadmissível que aconteça, atendendo a que se trata da principal ligação entre uma capital de distrito e a capital do país.Quanto ao resto do percurso, até ao nó do aeroporto, não há nenhuma previsão de obras, que é o mesmo que dizer, que podemos esperar sentados.
Mas se estávamos e parece que vamos continuar a estar mal servidos de ligação rodoviária a Lisboa, pior ainda é o que está a acontecer com a estrada actualmente existente. É que as chuvas, bem necessárias, que têm caído insistentemente e em abundância nos últimos meses, estão agora a mostrar os seus efeitos na dita autoestrada. Os buracos já são incontáveis e se ainda são pequenos rapidamente crescerão até se tornarem um problema para o conforto e até a segurança de quem circula.
A pergunta que fica no ar é esta: Vão reparar a estrada ou estão-se nas tintas para que a acessibilidade entre Beja e Lisboa piore ainda mais?