Vítor Silva: O Domínio do Mundo

Habituámo-nos a viver num mundo dominado pelo Ocidente. Desde o final da Idade Média, com o começo da expansão Europeia para a África, Ásia e América, a chamada Era dos Descobrimentos, que o poder no mundo deixou de estar dividido entre Oriente e Ocidente e deslocou-se muito rapidamente para Ocidente, mais concretamente para a Europa Central e Ocidental. Como sabemos Portugal também usufruiu durante algum tempo duma parte desse poder.

Durante a primeira metade do século XX o Japão tentou disputar esse poder com o Ocidente, mas a sua derrota na Segunda Guerra Mundial acabou com essa pretensão. O final dessa mesma guerra viu emergir os Estados Unidos da América como a grande potência a nível global. O poder máximo deslocou-se da Europa para a América, mas continuou a ser ocidental. É verdade que durante umas décadas a União Soviética, uma potência europeia, mas estendida para a Ásia, fez frente aos Estados Unidos e à Europa não comunista, mas todos sabemos como a história acabou.

Parecia que com o fim da Guerra Fria o domínio do Ocidente estava aí para durar por tempo indeterminado. Mas o que aconteceu foi que a Europa começou a declinar à escala mundial e hoje a sua economia já não domina o mundo e o seu poderio militar talvez nem dê para se defender de possíveis ameaças externas. Por sua vez os Estados Unidos têm cada vez mais dificuldades em manter os gastos com o seu aparelho militar, condição indispensável para poderem continuar a ser a maior potência mundial.

Paulatinamente a China emerge como a futura senhora do mundo. Alicerçada num regime dito comunista, mas na verdade difícil de classificar, conseguiu, adoptando métodos de produção capitalistas, retirar da miséria biliões de pessoas e caminhando para se transformar a médio prazo na primeira economia mundial. E o desenvolvimento do seu poderio militar segue a par do económico. Mas não é através do exército que a China quer chegar a número um, embora sem umas poderosas forças armadas ela seja sempre vulnerável.  A China adoptou uma estratégia expansionista através da economia. E não confundamos esta expansão económica com a proliferação de restaurantes e lojas chinesas que se verifica por todo o lado. Hoje a China detém importantíssimas empresas a nível mundial, que vão desde a exploração de matérias primas, à produção de aço, automóveis e medicamentos, da produção de energia à banca. E não menos importante é detentora de grande parte da dívida de vários países, inclusive a dos próprios rivais Norte-Americanos.

Prever o futuro é sempre difícil e muitas vezes falível, mas a verdade é que cada vez há mais estudiosos destas coisas que preveem que lá para o final deste século será a China a dominar o mundo. Nem eu, nem previsivelmente nenhum dos que me ouvem estará cá para o comprovar, mas perdoem-me se eu afirmar que não me entusiasmaria viver num mundo assim.