Na passada segunda-feira, o nosso primeiro-ministro, o irritantemente optimista António Costa (nas palavras do presidente Marcelo) encontrou-se em Elvas com o seu homólogo espanhol, o cinzento Mariano Rajoy (nas minhas palavras), para apadrinharem o lançamento do concurso para a ligação ferroviária entre Évora e a fronteira do Caia, obra que dizem ser a maior dos últimos cem anos, no que à ferrovia diz respeito.
Para o evento veio expressamente a comissária europeia dos transportes, tal a importância da coisa, orçada em cerca de quinhentos milhões de euros, metade dos quais provenientes de fundos europeus. Prevê-se o início da construção até ao primeiro trimestre de 2019 e a sua finalização para 2022.Ficará assim completa a estratégica ligação ferroviária entre Sines e Espanha, que é o mesmo que dizer, à Europa.
Qualquer pessoa de bom senso terá de congratular-se com este anúncio,que contribuirá para transformar o porto de Sines num dos mais importantes do continente europeu, com os impactos positivos que isso trará para a economia de Portugal e também para a do Alentejo.
Ou pelo menos de parte do Alentejo, nomeadamente Évora, pois que cá mais para o sul, a ferrovia e o comboio estão em vias de desaparecimento. Se não vejamos: a electrificação da linha entre Casa Branca e Beja (condição indispensável para que, a prazo,continuem a aí circular comboios) não é uma prioridade. Não se sabe mesmo se constará do próximo quadro de investimentos para o período 2020-2030.
De visita à Base Aérea 11, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, quando questionado sobre o assunto, prometeu informar-se junto do governo se afinal a linha vai ou não ser electrificada. Aqui chegados e perante o notório desinteresse do governo em responder com a necessária rapidez a um problema gravíssimo que tem tantas implicações negativas para a nossa região, quase que só nos resta voltar os nossos olhares para Belém e implorar: valha-nos São Marcelo.