Vítor Silva: Paulo Arsénio eleito presidente

Depois de uma ausência de mais de dois meses, motivada pelas férias de Verão e pelas eleições autárquicas, em que voluntariamente me abstive de aqui emitir opinião, eis-me de volta às crónicas semanais. Foi no já longínquo mês de Janeiro do ano de 2001 que iniciei esta colaboração com a Rádio Pax, o que muito me honra, mas que, atendendo a tão longa permanência, mas não só, não sei se agradará à maioria dos ouvintes. Mas como o nosso prezado director, António Lúcio, insiste em não me dispensar, por cá vou andando e com muito prazer.
Nesta minha primeira crónica desta nova temporada não podia deixar de comentar o resultado das eleições autárquicas em Beja. Confesso que fiquei um tanto ou quanto surpreendido pela vitória de Paulo Arsénio e do Partido Socialista, para a Câmara Municipal, ainda por cima com uma diferença bastante significativa de quase nove por cento para João Rocha e a CDU.
A minha surpresa não foi tanto pelas qualidades de Paulo Arsénio, em quem reconheço a competência e a honradez, entre outras, mas sim pela máquina que o Partido Comunista tem e que muitas vezes chega para lhe garantir a diferença para outras candidaturasadversárias.
É verdade que não é a primeira vez que o Partido Socialista consegue arrebatar a autarquia à CDU. Tal já aconteceu em 2009 com Jorge Pulido Valente. Mas nessa altura o candidato Pulido Valente vinha rotulado como o excelente Presidente de Câmara que tinha sido em Mértola. Apesar disso só se aguentou um mandato e muitos pensaram, eu incluído, que não tendo Paulo Arsénio o mesmo mediatismo e currículo que tinha Pulido Valente, embora sendo um profundo conhecedor da autarquia bejense, seria muito difícil sair vencedor do confronto com João Rocha.
Mas a verdade é que ganhou. Podem-se fazer todas as análises às razões da sua vitória, mas o que conta é que os eleitores do concelho votaram maioritariamente nele e na sua lista. E daqui para a frente é o futuro. Para Paulo Arsénio e os que o acompanham, o mais fácil foi vencer, mas o mais difícil está para vir.
Temos que ser sinceros: Beja é uma cidade doente. Mais até que algumas partes do seu concelho. Esta doença não é de agora, mas tem-se agravado de ano para ano. É este o desafio que tem pela frente Paulo Arsénio: curar Beja e colocá-la no caminho do desenvolvimento que merece. Não vai ser fácil, mas se o fosse outros antes dele já o teriam feito. Mas compete a todos, agora como antes, ajudar nessa tarefa e depois cá estaremos para julgar o que foi ou não foi feito. Neste momento resta-nos felicitar os que ganharam e desejar-lhes felicidades. Estou certo que o seu sucesso será também o nosso.