Paulatinamente, uma verdadeira revolução agrícola tem estado a acontecer no Alentejo, em particular no Baixo Alentejo.
Quem tenha estado atento a estas coisas da agricultura já tinha verificado que no sul do litoral alentejano, mais propriamente no concelho de Odemira, se tinha dado uma explosão de novas culturas, essencialmente frutícolas e hortícolas, nas quais apostaram muitas empresas nacionais e multinacionais. Daí saem diariamente camiões TIR com esses produtospara toda a Europa.
Mais para o interior, as águas da barragem de Alqueva têm irrigado cada vez mais hectares de terra e o seu resultado são novas culturas que aparecem todos os dias: olivais, vinhas, pomares e outras.
O Alentejo que em tempos foi cantado como “celeiro da Nação” e “terra do pão” e que o abandono quase total da produção cerealífera tinha mergulhado a sua agricultura numa situação a roçar a tragédia, experimenta agora um notável renascimento, de tal modo que já está no topo da produção agrícola nacional.
Mas nem tudo são rosas. A plantação intensiva de algumas espécies como é o caso da oliveira, tem levado alguns a preocuparem-secom as suas consequências ambientais a curtoprazo. Importa pois tomar as necessárias medidas para que este renascimento agrícola seja sustentável no tempo e não seja sol de pouca dura.
Outraquestão tem a ver com o tipo de mão-de-obra que está a ser utilizada. Muita dela estrangeira, mal paga e alojada em condições inadequadas. Não tenho nada contra a existência de estrangeiros a trabalhar no nosso território, venham eles de onde vierem. Bem pelo contrário. Até gostaria que eles cá se fixassem. Sempre seria uma maneira de mitigarem o nosso problema demográfico. Mas para isso as condições de trabalho que lhes são proporcionadas, nomeadamente a nível salarial, teriam de ser melhoradas. E talvez isso também incentivasse mais jovens alentejanos a procurarem os trabalhos agrícolas.
Os desafios não são pequenos, mas o importante seria que as mais valias agora provenientes da nossa nova agricultura chegassem aos bolsos de todos os que cá vivem, contrariamente ao que acontecia num passado que já nos parece distante, em que uns poucos ficavam com quase tudo.