Há coisas de que só sentimos a falta quando não as temos. Uma delas é a liberdade. Outra é a saúde. São talvez as duas mais importantes conquistas que nos trouxe o 25 de Abril de 1974: a liberdade e a saúde, ou melhor dizendo o Serviço Nacional de Saúde, cujo fundador, António Arnault, faleceu há poucos dias. Serviço Nacional de Saúde que permitiu que o universo dos portugueses, independentemente da sua condição social e económica, tivesse acesso a todo o tipo de cuidados de saúde, gratuitamente ou a preços muito moderados.
Por estes dias o Observatório Português dos Sistemas de Saúde apresentou um estudo sobre esses sistemas em Portugal, aí incluindo o Serviço Nacional de Saúde. É público que o Serviço Nacional de Saúde apresenta problemas, que têm sobretudo a ver com o seu actual modelo e respectivofinanciamento,que não permite pagar atempadamente aos que lhe fornecem produtos e serviços, não permite renovar equipamentos, não permite contratar os profissionais necessários, nem pagar condignamente aos que lá trabalham.E com uma população progressivamente envelhecida, como é a nossa, mais pressão o Serviço Nacional de Saúde sofre.
Tem toda a razão o nosso Presidente da República ao pedir um pacto nacional, que envolva, se não a totalidade da nossa classe política e da sociedade, pelo menos a grande maioria, que permita discutir quais as reformas que o actual modelo necessita, de modo a garantir a sua sustentabilidade futura.
Apesar de todos os problemas que o afectam, a verdade é que Portugal possui um Serviço Nacional de Saúde que é dos melhores do mundo e que faz inveja ao de muitos países mais ricos do que o nosso, alguns dos quais nem sequer o tendo.Defendê-lo é uma tarefa de todos, eu diria mesmo, é uma obrigação. Não tenhamos dúvidas: sem o Serviço Nacional de Saúde, Portugal recuaria décadas, e as desigualdades sociais, que hoje já são grandes, passariam a ser muito mais acentuadas.