A região do Baixo Alentejo teve, até aos presentes dias, duas forças políticas intimamente ligadas à sua história e ao seu desenvolvimento no período do pós 25 abril de 1974. Os primeiros anos de abril no Baixo Alentejo foram ideologicamente e politicamente tensos e intensamente vividos pelos dois protagonistas principais: o Partido Comunista e o Partido Socialista.
Durante anos, assistimos a uma luta constante entre diferentes modelos de sociedade, com diferentes protagonistas políticos, de diversas áreas partidárias e ideológicas, desde os partidos mais à esquerda, até aos partidos que historicamente viriam a representar a direita em Portugal, CDS e PPD/PSD. No entanto, comunistas e socialistas impuseram-se como as duas maiores forças partidárias regionais, sendo os protagonistas dos principais momentos políticos que “moldaram” o Baixo-Alentejo.
O Partido Socialista do BA (PS/BA) esteve presente em todas as grandes decisões, em todos os projetos e em todos os momentos fulcrais que transformaram e definiram a região tal como a conhecemos. Razão pela qual, tem visto os baixo alentejanos, ao longo dos anos, reconhecerem o seu trabalho e empenho, dando-lhe a confiança dos votos na grande maioria dos atos eleitorais, autárquicos, europeus e legislativos.
O PS/BA saiu à rua de forma corajosa para defender a propriedade privada. Encontrou um equilíbrio e uma liderança que, valorizando e enaltecendo as conquistas de Abril, soube olhar para o Mundo e entender que a Europa era o futuro para Portugal.
O PS/BA sempre defendeu o processo de regionalização, colocando como prioridade, até aos dias de hoje, a criação da região do Baixo Alentejo. Importa lembrar que aquando do referendo à criação das regiões administrativas em 1998, os socialistas baixo alentejanos, à revelia da direção nacional, sem qualquer apoio partidário da mesma, fizeram campanha apelando ao voto SIM na primeira pergunta e ao voto NÃO na segunda pergunta.
SIM À REGIONALIZAÇÃO, NÃO À REGIÃO ALENTEJO! Mapa defendido pelo PS nacional, pelo PSD nacional e regional e pelo PCP nacional e regional. Curiosamente, ou talvez não, os baixos alentejanos também estiveram maioritariamente ao lado do PS/BA, respondendo SIM à regionalização e NÃO à região Alentejo (única região do pais em que o SIM ganhou).
Anos de reivindicação de diversos setores da sociedade e o trabalho político do PS/BA tornaram-se fundamentais na concretização, com maior ou menor sucesso, daquilo que parecia impossível, o denominado triângulo de desenvolvimento: Alqueva/Aeroporto de Beja/Ligação Sines-Beja.
Ao longo de décadas, as gestões autárquicas e os governos socialistas permitiram incrementar políticas e infraestruturas fundamentais em áreas como a Educação, criação das chamadas EBI,s – Escolas Básicas Integradas – e a Saúde, nomeadamente construção de centros de saúde em vários concelhos da região do BA.
A Água de Alqueva transformou e repovoou os nossos campos.
Estes e outros momentos importantes no desenvolvimento da nossa região foram certamente determinantes na relação de confiança que as gentes do Baixo Alentejo estabeleceram com o PS/BA ao longo destes 50 anos de abril, dando-lhes maioritariamente o seu voto.
Mas, será que em 2025 o PS/BA ainda merece ganhar as eleições legislativas? Alguns dizem que não!
Com o decorrer dos anos, a perda de influência do partido comunista tornou-se notória, assistindo-se paulatinamente a uma maior presença dos partidos de direita, nomeadamente do PPD/PSD, tornando-se este o partido alternativo ao PS na região.
Alguns protagonistas, inebriados com esta nova visibilidade, andam gritando a pleno pulmões que o PSD de Beja fez mais pela região em 11 meses de governo AD, do que o PS e o PCP em 50 anos. Pura ilusão! De quem acredita que as pessoas não sabem reconhecer as valias e os erros dos intervenientes regionais, subvalorizando a memória dos baixo alentejanos sobre aquilo que cada um fez e o que cada um defende.
Neste capítulo, e voltando à pergunta que faço sobre o mérito do PS ganhar novamente as eleições na região de Beja, eu digo que sim!
Para tal, é necessário que o PS/BA tenha a humildade e coragem para pedir desculpas aos baixo alentejanos. Olhos nos olhos, com transparência e verdade.
Desculpas aos baixo alentejanos por não ter conseguido terminar a autoestrada até Beja, com a continuação do IP8 até Ficalho/Espanha.
Desculpas aos baixo alentejanos pelo abandono nas acessibilidades à margem esquerda – Barrancos, Amareleja e Santo Aleixo – e pela ausência de reais políticas de um novo modelo para o interior, isto apesar dos governos da “geringonça” e de maioria absoluta liderados pelo Partido Socialista.
Com esta atitude franca e verdadeira por parte dos socialistas da Federação de Beja, acredito que os baixo alentejanos saberão reconhecer os méritos históricos e votarem maioritariamente no PS do Baixo Alentejo.