A imigração é, hoje, uma realidade estrutural no concelho de Beja. Estima-se
que mais de 15% da população residente seja imigrante, e em algumas
freguesias poderá ultrapassar os 20%.
É um problema. Um dos maiores que enfrentamos, e precisamos de (muita)
seriedade para o mitigar e aproveitá-lo com inteligência e justiça numa
oportunidade. Ignorá-lo é irresponsável. Usá-lo para dividir as pessoas é ainda
pior.
Neste tema, o Beja Consegue tem dois grandes objetivos:
Que os bejenses se continuem a sentir “em casa” – que, o bem-estar
e o sentido de justiça sejam algo obrigatório. Que nos sintamos
respeitados na nossa cultura e identidade. Porque gostamos de quem
somos, e isso nunca deve nem irá mudar.
Que os que para cá venham sejam humanamente integrados – que
fiquem os que podem ajudar, os que terão trabalho e habitação digna.
Aqueles a quem possamos proporcionar uma vida melhor, e que
contribuam também para o nosso concelho. Que não venham para uma
situação de vulnerabilidade semelhante á que tentaram deixar para trás.
A nossa proposta assenta em 3 eixos:
Conhecer – Integrar – Valorizar
- Conhecer – não se gere o que não se conhece. Precisamos de dados
claros sobre quem vive, trabalha e procura um futuro em Beja. Temos de
criar um “centro de apoio ao migrante” que permita identificar as
pessoas, as suas capacidades e os seus objetivos pessoais e
profissionais. Para alguns casos em que não se verifiquem condições
mínimas de integração, temos que fazer a ligação com as autoridades
competentes, com o objetivo de resolver estas situações. - Integrar – integrar é mais do que aceitar: é pertencer. Temos de investir
na aprendizagem da língua portuguesa de quem pretende aqui ficar.
Temos de garantir que existe habitação digna (com uma equipa de
fiscalização, claro!). Temos de criar um “centro de emprego migrante”
em articulação com o tecido empresarial (agricultores incluídos)
garantindo que a contratação se faz exclusivamente através desta
entidade, sem margem para qualquer tipo de ilegalidade. Se houver um
canal único e transparente para a contratação e remuneração de
migrantes, teremos mais controlo e justiça. - Valorizar – muitos dos nossos principais setores – da agricultura à
restauração- já não funcionam sem imigrantes. Precisamos deles e
podem ser uma solução para o nosso futuro.
Não podemos ter medo. Temos de ter coragem, pelo nosso bem, mas nunca
esquecendo que, do outro lado, estão pessoas. Temos de acolher os que
conseguimos, porque nós precisamos e eles também precisam, sempre
preservando a nossa identidade e cultura.
Termino como costumo começar sempre que falo deste tema: estamos
conscientes de que este é um problema de escala mundial, que exige uma
resposta nacional. Não tenho a ousadia de achar que vou resolver o problema.
Mas, enquanto Presidente de Câmara irei mitigá-lo. Todos os candidatos e
políticos locais têm a responsabilidade de chamar à ação o governo central. E
o governo recentemente eleito: não espere nada menos do que um Presidente
de Câmara persistentemente incómodo.
Beja vai mudar. Beja vai conseguir.