Administração do Hospital de Beja acusada de “perseguição política”

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Esta organização sindical fala mesmo num “insólito processo persecutório” a profissionais da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), sendo um deles médico. O SMZS explica que estes profissionais limitaram-se a dar um “contributo técnico pessoal” a um deputado, depois de este lhes ter solicitado algumas sugestões e tópicos de gestão para a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

A Rádio Pax sabe que um dos médicos visados é o Dr. Munhoz Frade. O ex-diretor clínico do Hospital de Beja já tinha manifestado preocupação em relação à falta de condições no tratamento de doentes com cancro em Beja. Contactado pela Rádio Pax, Munhoz Frade, confirmou o processo que considera “ilegítimo”.

“Sou acusado de um delito que é a expressão da minha opinião, do meu pensamento”, frisa o clínico.

Solicitado por um deputado, o médico elaborou um documento de trabalho, que não era público, e que enviou para o ministro da saúde. “Considero que não cometi nenhum delito passível de punição disciplinar”, adianta Munhoz Frade. O médico diz-se vítima de perseguição porque tem sido crítico e tem manifestado por diversas vezes, ao longo destes anos, a sua opinião acerca do Hospital de Beja.

Quando a Rádio Pax perguntou se esta administração tem lesado a ULSBA, o médico respondeu que “toda e qualquer atitude, por parte de uma administração, que resulte em inibição dos seus colaboradores, inibição da expressão da sua opinião, da sua crítica, conduz à desmotivação que é prejudicial ao bom funcionamento e bom desempenho da missão de uma unidade de saúde deste tipo”.

Outro dos funcionários da ULSBA que está debaixo de um processo disciplinar é a Drª. Mariana Raposo, administradora hospitalar. Esta profissional também confirmou à Rádio Pax a situação, no entanto, afirmou que não pode fazer “qualquer comentário” já que o processo está “em análise”.

O sindicato afirma que este caso “escandaloso” é do conhecimento do anterior governo que nada fez para o resolver. Também o actual ministro da saúde está a par da situação e, até ao momento, não tomou qualquer medida.

Em maio passado, o deputado do PS, Pedro do Carmo, perguntou ao Governo se “tem conhecimento de situações de reiterada abertura de processos disciplinares a profissionais de saúde” no Hospital de Beja e qual o volume de situações ocorridas durante a gestão da actual administração. Passados cerca de dois meses, o deputado disse à Rádio Pax que ainda não tinha obtido quaisquer respostas.

Já em março do ano passado o Grupo Parlamentar do PCP questionou o ministério da saúde sobre o alegado despedimento de três assistentes operacionais após três anos e meio de serviço no Hospital de Beja.