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Agostinho e Norberto deram a volta ao mundo em busca de trabalho mas acabaram a dormir na calçada fria de Lisboa

Agostinho e Norberto deram a volta ao mundo em busca de trabalho mas acabaram a dormir na calçada fria de Lisboa

Agostinho e Norberto têm pouco mais de 20 anos, saíram de Timor-Leste rumo a Portugal, deixando as famílias do outro lado do mundo, para procurar uma vida melhor, mas só conhecem o frio das ruas de Lisboa.

Agostinho tem 26 anos e chegou a Portugal há três meses.

“Vim para Portugal procurar trabalho porque em Timor-Leste não há trabalho”, afirmou aos jornalistas.

Trabalhou “em Beja um mês”, e durante esse tempo teve alojamento, mas o pouco que recebia de salário tinha de “descontar para casa, água, gás”, porque “o patrão disse”.

Porém, lamenta Agostinho, agora “não há trabalho”.

Em Lisboa há três semanas, o jovem queixa-se do “problema” que é regularizar a sua situação como imigrante em Portugal.

“Nós procuramos trabalho, mas não temos documentos portugueses”, disse, num português que sai com esforço. A língua também constitui um entrave, uma vez que várias destas pessoas apenas falam tétum.

Sem trabalho e sem salário não consegue arranjar onde ficar. “Aqui nós não temos casa, dormimos na rua”, lamentou, pedindo “ajuda imediata” ao Governo português.

Norberto é mais novo, tem 23 anos, mas o ponto de partida e o destino pouco diferem dos de Agostinho. Em Timor-Leste deixou quase uma dezena de irmãos e veio para Portugal na esperança de conseguir enviar algum dinheiro para ajudar a família.

“Eu vim para Portugal há seis meses, mas só trabalhei dois meses” na agricultura, em Santarém, contou.

A justificação também é semelhante à de Agostinho: “Nós viemos para aqui procurar trabalho, em Timor há pouco trabalho”.

Norberto está em Lisboa “há dois meses” e “sempre a dormir na rua”, onde “sente muito frio”.

“Quando há trabalho dormimos numa casa, mas quando não há trabalho não há casa porque não temos dinheiro para pagar”, apontou.

O jovem confessa que quer ficar em Portugal e faz um único pedido: “só peço para trabalhar”.

Segundo estimativas destes dois jovens, são mais de 100 os timorenses que se encontram nas ruas de Lisboa na mesma situação.

Quanto à alimentação, é a Cruz Vermelha que lhes “traz comida todos os dias”.

Hoje receberam a visita da coordenadora do BE, Catarina Martins, e do líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, com quem se encontraram na zona do Martim Moniz, em Lisboa.

Os bloquistas chamaram a comunicação social para fazer um “alerta público” sobre este “problema humanitário óbvio, urgente”.

O grupo de timorenses que aguardava pelos dirigentes do BE era de algumas dezenas, mas várias pessoas afastaram-se quando viram as câmaras das televisões e dos fotojornalistas, a quem pediram para não filmar nem fotografar as suas caras devido à situação precária em que se encontram.

Estes jovens foram os únicos que aceitaram falar aos jornalistas, um deles sem querer mostrar a sua identidade.

A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores jovens, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos devido às condições de entrada mais fáceis do que outros países.

Uma procura que está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.

Muitos timorenses que decidem migrar acabam por ser enganados, sendo depois deixados praticamente ao abandono nos países de acolhimento, incluindo Portugal. As situações mais dramáticas vivem-se em Lisboa e em Serpa, com muitos timorenses na rua e outros a viver em grupo em instalações temporárias.

As famílias acabam igualmente por ficar com pesadas dívidas às costas, com empréstimos ilegais concedidos com juros elevadíssimos.

Rádio Pax/Lusa

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Farmácia de serviço hoje na cidade de Beja

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