Nasce hoje, em Beja, uma nova forma de cultivar a solidariedade, promover a partilha e fortalecer o espírito de comunidade. É inaugurada oficialmente a Agência do Banco de Tempo de Beja, um projeto que coloca o tempo no centro das trocas sociais — não como moeda de valor económico, mas como instrumento solidário.
A iniciativa é da Santa Casa da Misericórdia de Beja e integra-se numa rede nacional coordenada pelo Graal, organização responsável pela introdução do conceito em Portugal há 23 anos. Ao longo destas mais de duas décadas, foram criadas 23 agências espalhadas pelo país, e agora, Beja junta-se a este movimento.
A ideia é simples, mas profundamente transformadora: “no Banco de Tempo, troca-se tempo por tempo”. Uma hora de ajuda a costurar vale o mesmo que uma hora a ensinar matemática ou a tomar conta de uma criança. Todas as horas têm o mesmo valor, independentemente da tarefa prestada. Como explica Francisca Guerreiro, responsável pela área social da Santa Casa da Misericórdia de Beja, “o Banco de Tempo assenta na lógica de rede e na confiança mútua. Quem dá hoje, pode receber amanhã, mesmo que de uma pessoa diferente. O importante é a partilha e a entreajuda.”
Este modelo promove não só o apoio mútuo entre vizinhos, mas também o reconhecimento das capacidades individuais de cada um, criando relações mais próximas e solidárias.
A cerimónia de inauguração acontece esta tarde, a partir das 16 horas, no Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia de Beja, e conta com uma programação simbólica e envolvente. Sob o mote “É tempo de começar”, a sessão abre com a intervenção “Dar Tempo ao Tempo”, por Cristina Taquelim, seguindo-se as boas-vindas aos convidados e a apresentação da origem do Banco de Tempo em Portugal, pelo Graal.
Depois haverá tempo para “Descobrir como funciona” com a exibição da vídeo-reportagem “Reflexões sobre o tempo”, uma reportagem da TV Globo sobre o Banco de Tempo de Santa Maria da Feira, e testemunhos de outras agências espalhadas pelo país.
O encontro segue com um momento de conversa e reflexão “É tempo de conversar” e culmina com uma atuação musical por Paulo Ribeiro, num ambiente descontraído e acolhedor, que termina, como não podia deixar de ser, com um lanche partilhado: “Vai-se a ver, é tempo de comer”.
A cidade de Beja recebe assim uma nova forma de dar e receber com tempo, solidariedade e sentido de comunidade. Uma oportunidade para cada um repensar o valor do seu tempo e colocá-lo ao serviço dos outros.