O encerramento dos lares da Cruz Vermelha Portuguesa em Beja motivou, hoje, o protesto de funcionários e familiares de utentes.
A casa de repouso José António Marques, localizada na Rua dos Infantes, encerrou na semana passada. Os funcionários e alguns utentes foram transferidos para a casa de repouso Henry Dunant, no Largo de Santa Maria, que ainda se encontra aberta. Os restantes idosos foram colocados noutras instituições da região.
No lar que ainda permanece aberto estão atualmente 29 funcionários e 35 utentes.
A Cruz Vermelha Portuguesa emitiu, dia 19 de abril passado, um comunicado onde anuncia o encerramento destes dois lares até dia 31 de julho.
Fátima Costa, funcionária do Lar, assegura que os trabalhadores, alguns com quase 40 anos ao serviço da instituição, ainda não receberam qualquer documento relativo ao eventual despedimento. As dúvidas sobre o futuro são muitas. Contudo, foram “convidados” a encontrar trabalho na última reunião com a direção da Cruz Vermelha Portuguesa, realizada em abril passado.
Esta funcionária assegura que o lar encerrado na Rua dos Infantes tem condições para acolher todos os utentes e espera que a Cruz Vermelha recue na decisão.
Alexandra Horta, funcionária do lar, não compreende como é que uma instituição com o prestígio da Cruz Vermelha tem a coragem de encerrar dois lares numa cidade onde faltam estruturas residenciais para idosos.
António Lampreia, residente em Beja, tem a mãe no lar da Cruz Vermelha há cinco anos. Admite dificuldades em encontrar um novo lar. A alternativa mais próxima está a 150 quilómetros de distância, em Barrancos. António Lampreia considera esta opção “impossível”, pois impediria a realização de visitas regulares à mãe. Sem esconder a sua revolta, este utente considera que levar a mãe para Barrancos seria “virar-lhe completamente as costas”.
Um sentimento partilhado por outros familiares. Conceição Carvalho já procurou, sem sucesso, uma alternativa para transferir a mãe. A solução de Barrancos está “fora de questão” para esta familiar que tem a mãe há 5 anos no lar.
No protesto convocado pelo Movimento para a Salvaguarda dos Utentes, Famílias e Trabalhadores dos Lares da Cruz Vermelha de Beja participaram cerca de 10 funcionárias da instituição, vários familiares e alguns populares solidários com os utentes e familiares.
A Cruz Vermelha Portuguesa assegura em comunicado que “tem-se empenhado ativamente na procura de uma solução para recolocação de todos os utentes da Casa de Repouso Henry Dunant e da Casa de Repouso José António Marques”.
A mesma fonte adianta que “comunicou a sua impossibilidade de recolocar os funcionários” noutras respostas da instituição. A Cruz Vermelha garante que “tem estado a efetuar contactos com grandes empregadores da região, com o intuito de encontrar soluções profissionais para o maior número de trabalhadores”.