Os regantes, beneficiários directos dos 120 mil hectares que compõem a componente hidroagrícola do EFMA (Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva), querem integrar o Conselho de Acompanhamento do Regadio de Alqueva (CAR Alqueva).
A exigência foi tornada pública, ontem, dia em que se realizou, em Beja, mais uma reunião do Conselho, o Órgão Consultivo que trata dos problemas e define as orientações da água. Estes regantes não puderam participar nos trabalhos, apesar dos esforços desenvolvidos junto do Ministério.
Para os representantes dos regantes, eleitos nos 22 perímetros de rega de Alqueva, é “inadmissível” que não sejam ouvidos e que “sejam os representantes de outros aproveitamentos confinantes, que não são beneficiários directos do EFMA” que tomem decisões sobre o futuro dos projectivos de investimento dos regantes.
João Cavaco, representante dos regantes do perímetro de rega Beringel/Beja, não compreende como é possível os regantes “ficarem à porta” da reunião.
A situação torna-se ainda mais incompreensível, segundo os regantes, quando no relatório e contas de 2017 da EDIA- Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva é sublinhado que a empresa promoveu reuniões com os agricultores dos perímetros de Alqueva “de forma a serem eleitos os seus representantes para a participação nas reuniões do Comité de Acompanhamento do Regadio de Alqueva (CAR Alqueva), para que tenham um canal operacional e comunicacional mais eficiente com a EDIA, de forma a reportarem problemas e sugestões no funcionamento dos perímetros”.
João Cavaco considera a situação “caricata” até porque foi por indicação do próprio Ministro da Agricultura que foram eleitos os representantes dos 22 perímetros de rega de Alqueva.
Os regantes expressaram algumas preocupações que não foi possível apresentar no Conselho de Acompanhamento do Regadio de Alqueva como a “garantia da folga necessária dos equipamentos e da infra-estrutura de fornecimento de água aos regantes, satisfazendo-se o fornecimento sem falhas a todos os regantes de acordo com as condições com eles acordadas”.
Os regantes defendem a criação “de regras que garantam um serviço fiável e de qualidade em cenários de escassez ou seca, definindo usos prioritários à luz dos pressupostos em que assentou a implementação dos referidos 120 000 hectares de regadio e promoveu a conversão de toda essa área de sequeiro para regadio”.
O Ministério da Agricultura disse à Agência Lusa que “aguarda que os representantes dos agricultores beneficiários dos 22 perímetros de rega se constituam formalmente como associação para que possam preencher os requisitos legais para integrar o CAR Alqueva”.