Começou, no Tribunal de Beja, o julgamento de um homem acusado de ter abusado sexualmente da sobrinha de 11 anos.
Segundo o Ministério Público (MP), a menina terá sido abusada 105 vezes entre 2014 e 2015.
O arguido e a mulher ficaram com a custódia da criança, depois do pai da menor ter matado a mãe e suicidando-se de seguida. O caso aconteceu em 2015 na localidade de Vila Nova da Baronia, concelho de Alvito.
O homem, alegadamente, aproveitava a ausência da mulher em casa, colocava a sobrinha mais nova a ver televisão e levava a vítima para o quarto onde consumava os abusos, aproveitando-se da vulnerabilidade que a criança vivia na altura.
Sabendo o que se passava e sofrendo de violência doméstica – o que fez com que nunca denunciasse o caso às autoridades – a mulher e tia da criança resolveu separar-se do marido.
Perante esta separação, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Alvito decidiu institucionalizar a vítima e a irmã mais nova.
O homem continuou a manter contacto telefónico e a fazer visitas, com alguma regularidade, à sobrinha na instituição. Repetidas vezes, segundo o MP, o suspeito terá prometido à criança dar-lhe uma melhor vida assim que ela completasse os 18 anos.
Nas dezenas de vezes em que o tio visitava a menina, os técnicos da instituição começaram a notar algum nervosismo e instabilidade emocional na criança, o que os levou a alertar as autoridades.
A Polícia Judiciária ficou com a responsabilidade de investigar o caso. Depois de ouvir a menina e da audição do homem em fase de inquérito, o arguido ficou em liberdade com Termo de Identidade e Residência (TIR).
No primeiro dia de julgamento, à porta fechada, foram ouvidas várias testemunhas.
A Rádio Pax sabe que, antes do julgamento começar, a mulher e uma das filhas do suspeito terão sido ameaçadas por este para não relatar nada que o incriminasse no julgamento.
Segundo fonte no tribunal, antes da audiência começar, a mulher e a filha tentaram não “dar de caras com o homem”. Na verdade, a tia da vítima, pouco ou nada disse em tribunal que pudesse afectar o arguido.
Quem também respondeu “não me lembro” ou “já esqueci” às perguntas do colectivo de Juízes e representante do MP, foi a funcionária da CPCJ de Alvito, que acompanhou a menina na altura da morte dos pais e que deu autorização para que o tio continuasse a visitar a sobrinha na instituição.
O julgamento vai continuar no dia 2 de Outubro. Entretanto, o alegado pedófilo, continua em liberdade com Termo de Identidade e Residência.